São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Genoino culpa Delúbio por contas do PT

Ex-presidente do partido é interrogado na Justiça Federal sobre o mensalão e joga responsabilidade para a Secretaria de Finanças

João Paulo também negou participação no esquema, alegando que o saque feito por sua mulher no Rural era para pagar uma pesquisa

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-presidente do PT José Genoino, acusados de integrar o esquema do mensalão, negaram ontem em interrogatório à Justiça Federal envolvimento no caso. Ambos se elegeram deputados federais em 2006. Além de negar, Genoino empurrou, em diversos momentos, a responsabilidade para o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, também réu na ação penal do mensalão.
"Quem preparava o pagamento do partido, o orçamento e acompanhava o fluxo de caixa era a Secretaria de Finanças [ocupada por Delúbio à época]", respondeu Genoino, ao ser questionado sobre um pagamento de R$ 350 mil que teria sido feito pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, em 2004, para quitar dívidas da legenda.
Delúbio é acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. O publicitário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão, é acusado de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas.
Apesar de jogar a responsabilidade para Delúbio, Genoino o destacou da lista dos outros 39 acusados de integrar o esquema como incluído em suas "amizades pessoais", juntamente com José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e João Paulo Cunha.
Genoino, que responde por corrupção ativa e formação de quadrilha, afirmou que nunca participou ou soube de negociações entre parlamentares da base aliada para favorecimento financeiro em troca de apoio ao governo federal.
Disse também que não teve responsabilidade na escolha dos bancos BMG e Rural, de onde partiram os empréstimos ao PT. "A tarefa foi delegada ao secretário de Finanças", disse, mais uma vez apontando a responsabilidade de Delúbio.
TV a cabo
João Paulo Cunha, que depôs antes de Genoino, também negou participação no esquema. Confirmou o saque de R$ 50 mil feito por sua mulher no Banco Rural, em 2003, e disse que o dinheiro havia sido autorizado por Delúbio para pagar uma pesquisa eleitoral em Osasco, sua base eleitoral.
Em 2005, quando o caso estourou, sua versão inicial era de que a mulher tinha ido pagar a conta da TV a cabo no Rural. "A própria esposa dele foi ao banco, se identificou e assinou o recibo. Isso não é trabalho de quem quer ocultar a identidade do recebedor do recurso", disse o advogado de defesa do deputado, Alberto Toron. João Paulo é acusado por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.
Segundo a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ele teria beneficiado a empresa SMPB, de Marcos Valério, em licitação na Câmara e, também, desviado verba desse contrato.
Após o interrogatório, a juíza Maria de Fátima Costa, da 10ª Vara Federal de Brasília, brincou com Genoino dizendo que ele tinha tido "sorte por pegar uma juíza simpática e cearense", como ele. Costa ainda reclamou do pedido do deputado Pedro Henry (PP-MT) para remarcar o depoimento -previsto para hoje.
"Azar o dele se ele não vier", disse e ainda ameaçou designar defensor público ao deputado, já que "sua defesa não está condizente".
Em seguida, tentou expulsar os jornalistas que se mantinham na sala de audiência para falar com Genoino. "Você quer um acompanhamento especial para não ser assediado pelas mocinhas?", disse a juíza. Hoje estão previstos os interrogatórios de Henry, Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Paulo Rocha (PT-PA).


Colaborou SILVANA DE FREITAS , da Sucursal de Brasília


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