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Genoino culpa Delúbio por contas do PT
Ex-presidente do partido é interrogado na Justiça Federal sobre o mensalão e joga responsabilidade para a Secretaria de Finanças
João Paulo também negou participação no esquema, alegando que o saque feito por sua mulher no Rural era para pagar uma pesquisa
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente da Câmara
João Paulo Cunha (PT-SP) e o
ex-presidente do PT José Genoino, acusados de integrar o
esquema do mensalão, negaram ontem em interrogatório à
Justiça Federal envolvimento
no caso. Ambos se elegeram deputados federais em 2006.
Além de negar, Genoino empurrou, em diversos momentos, a responsabilidade para o
ex-tesoureiro petista Delúbio
Soares, também réu na ação penal do mensalão.
"Quem preparava o pagamento do partido, o orçamento
e acompanhava o fluxo de caixa
era a Secretaria de Finanças
[ocupada por Delúbio à época]", respondeu Genoino, ao
ser questionado sobre um pagamento de R$ 350 mil que teria sido feito pelo publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, em 2004, para quitar dívidas da legenda.
Delúbio é acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. O publicitário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão, é acusado de corrupção ativa, peculato, lavagem
de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas.
Apesar de jogar a responsabilidade para Delúbio, Genoino o
destacou da lista dos outros 39
acusados de integrar o esquema como incluído em suas
"amizades pessoais", juntamente com José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e João
Paulo Cunha.
Genoino, que responde por
corrupção ativa e formação de
quadrilha, afirmou que nunca
participou ou soube de negociações entre parlamentares da
base aliada para favorecimento
financeiro em troca de apoio ao
governo federal.
Disse também que não teve
responsabilidade na escolha
dos bancos BMG e Rural, de onde partiram os empréstimos ao
PT. "A tarefa foi delegada ao secretário de Finanças", disse,
mais uma vez apontando a responsabilidade de Delúbio.
TV a cabo
João Paulo Cunha, que depôs
antes de Genoino, também negou participação no esquema.
Confirmou o saque de R$ 50
mil feito por sua mulher no
Banco Rural, em 2003, e disse
que o dinheiro havia sido autorizado por Delúbio para pagar
uma pesquisa eleitoral em
Osasco, sua base eleitoral.
Em 2005, quando o caso estourou, sua versão inicial era de
que a mulher tinha ido pagar a
conta da TV a cabo no Rural.
"A própria esposa dele foi ao
banco, se identificou e assinou
o recibo. Isso não é trabalho de
quem quer ocultar a identidade
do recebedor do recurso", disse
o advogado de defesa do deputado, Alberto Toron.
João Paulo é acusado por lavagem de dinheiro, corrupção
passiva e peculato.
Segundo a denúncia do procurador-geral da República,
Antonio Fernando Souza, ele
teria beneficiado a empresa
SMPB, de Marcos Valério, em
licitação na Câmara e, também,
desviado verba desse contrato.
Após o interrogatório, a juíza
Maria de Fátima Costa, da 10ª
Vara Federal de Brasília, brincou com Genoino dizendo que
ele tinha tido "sorte por pegar
uma juíza simpática e cearense", como ele.
Costa ainda reclamou do pedido do deputado Pedro Henry
(PP-MT) para remarcar o depoimento -previsto para hoje.
"Azar o dele se ele não vier",
disse e ainda ameaçou designar
defensor público ao deputado,
já que "sua defesa não está condizente".
Em seguida, tentou expulsar
os jornalistas que se mantinham na sala de audiência para
falar com Genoino. "Você quer
um acompanhamento especial
para não ser assediado pelas
mocinhas?", disse a juíza.
Hoje estão previstos os interrogatórios de Henry, Valdemar
Costa Neto (PR-SP) e Paulo
Rocha (PT-PA).
Colaborou SILVANA DE FREITAS ,
da Sucursal de Brasília
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