São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Lula, Obama e o sapato

Em conversa com auxiliares ontem, num intervalo da cúpula latino-americana em Salvador, Lula criticou Barack Obama por ter dito que a munição do governo dos EUA contra a crise está acabando. "Foi um grande erro", opinou o presidente. "Só dá para dizer isso se você apontar um caminho."
Grave ao falar de Obama, Lula se soltou numa referência indireta a George Bush. Ao abrir a entrevista coletiva de encerramento das chamadas cúpulas do Sauípe, o presidente fez um apelo bem-humorado: "Gente, por favor, ninguém tire o sapato. Com este calor que está fazendo, se alguém tirar, vamos perceber antes de ele atirar, por causa do chulé".



Salve-se... Atingidos pela tesoura no Orçamento de 2009 faziam romaria ontem pelo Congresso. Numa roda com deputados, o responsável pelas verbas publicitárias da Presidência, Ottoni Fernandes, tentava recuperar R$ 90 milhões. "Numa hora de crise, com o governo precisando se comunicar, isso não pode acontecer", protestava.

...quem puder. Já o Ministério da Defesa enviou à Câmara dois assessores _um do Exército (R$ 400 milhões cortados) e outro da Marinha (R$ 350 milhões). "Qualquer coisa que der para salvar já está bom", dizia um deles.

Abra... Diante da forte reação dos ministérios aos cortes de custeio, o governo começou a tirar da cartola receitas não previstas antes, como R$ 2,5 bilhões relativos à venda de imóveis da antiga Rede Ferroviária Federal. Discute-se ainda incluir outros R$ 5 bilhões provenientes de concessões de ferrovias.

...cadabra. Com a tramitação já encerrada na Comissão de Orçamento, uma “errata” incluindo esses valores será votada em plenário.

Cabide eterno 1. Enquanto se multiplicam os candidatos à sua sucessão, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), assinou resolução que mantém empregados até abril de 2009 os 1.315 funcionários que entraram na Casa sem concurso público _os chamados CNEs. O mandato de Chinaglia termina em 2 de fevereiro.

Cabide eterno 2. Além da questão do inchaço de não-concursados, a decisão patrocinada pelo petista empurra para o colo do sucessor a tarefa de corrigir a distorção na partilha desses cargos entre as bancadas da Câmara.

Eu sozinho. Enquanto a bancada do PMDB se reunia para apoiar a "recandidatura" de Garibaldi Alves (RN) à presidência do Senado, Jarbas Vasconcelos (PE) acompanhava a sessão no plenário. "Não vou ficar à mercê das idas e vindas do PMDB. Meu voto é de Tião Viana."

Balançou. Já o PSDB, que chegou a se inclinar majoritariamente por Tião, agora tem claro viés pró-Garibaldi. Ontem, tucanos diziam que, com a entrada do presidente do Senado na disputa, não há discurso para apoiar o PT.

Soldados. O apoio a Tião Viana entre os oposicionistas ainda existe, mas hoje é localizado. Fechados com o petista estão os tucanos Tasso Jereissati (CE) e Eduardo Azeredo (MG), que no próximo biênio comandariam respectivamente a CAE e a Comissão de Relações Exteriores, além de Demóstenes Torres (DEM-GO), que pleiteia a CCJ.

Não deu. Depois de uma conversa no Palácio dos Bandeirantes, o deputado Vaz de Lima (PSDB) desistiu de se empenhar por uma emenda constitucional que lhe permitiria se reeleger presidente da Assembléia. José Serra é contra a idéia. Agora, a bancada tucana está dividida entre Barros Munhoz (o candidato do governo) e Celino Cardoso.

Forcinha. Enquanto aguardava o julgamento do TSE, que poderia terminar com a cassação do seu mandato, o governador Jackson Lago (PDT-MA) visitou o ministro Tarso Genro (Justiça). Foi fotografado assinando convênios e saiu do gabinete com o compromisso de parceria para comprar um helicóptero e receber bafômetros.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"A candidatura de Garibaldi a um novo mandato é questionável do ponto de vista jurídico e inconveniente do ponto de vista político."

Do ministro GEDDEL VIEIRA LIMA , criticando a disposição de seu correligionário Garibaldi Alves para permanecer na presidência do Senado.

Contraponto

Sob tutela

Aloizio Mercadante (PT-SP) discutia com colegas, dias atrás, medidas provisórias em pauta no Senado e diferentes opções para sua votação. Ele mesmo apresentou uma emenda à MP do Gás, o que levou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), a pedir para ler o texto, de modo a saber se era possível apoiá-lo.
Os presentes estranharam tanta preocupação, uma vez que a iniciativa partia do próximo líder da bancada petista. Jucá então se explicou:
-É que o Mercadante anda muito rebelde. Eu preciso analisar com lupa tudo o que ele propõe...


Próximo Texto: STF manda a Câmara cassar infiel pela 2ª vez na semana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.