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Para família, valor de indenização é "ridículo"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
DA AGÊNCIA FOLHA
A indenização que será dada
aos Mutran é alvo de polêmica.
Para a família, o valor é "ridículo". Para os movimentos sociais, é um "prêmio" injusto.
Segundo Délio Mutran, os
R$ 21 milhões propostos pelo
Incra são "ridículos". Para ele, o
que piora a situação é que, do
total, R$ 12 milhões serão descontados como compensação
pelo desmatamento ilegal de
uma área da propriedade.
"As benfeitorias ali valem pelo menos três vezes isso", afirmou. "O dinheiro da indenização deveria dar, teoricamente,
para comprar outra fazenda como a Cabaceiras. Onde vou fazer isso, com R$ 9 milhões [valor já com o desconto]?", questionou Mutran.
Um perito contratado pela
família Mutran tentará, no curso do processo, demonstrar que
as casas, cercas e currais valem
mais do que o proposto.
Maria Raimunda César, da
coordenação do MST no Pará,
disse que, de qualquer forma, a
indenização será um "prêmio".
"Foi constatado trabalho escravo, crime ambiental. Houve
apropriação indevida de área
da União e não foi cumprida a
função social. Com tudo isso, a
indenização termina sendo um
prêmio para a família."
Para ela, o "governo brasileiro está pagando por uma terra
que já é do povo brasileiro". O
fato de os Mutran pedirem o
triplo, disse Maria Raimunda,
"mostra a postura de exploração [adotada pela família]".
Apesar de considerar que a
família não devia "receber nada", ela disse que no acampamento 26 de março, montado
na área, "o clima é de festa".
"Mostra que valeu a pena. Foi
construído um território de resistência, que acabou denunciando a problemática do trabalho escravo na região."
Agora, a invasão deve se tornar um assentamento. Amanhã, uma cerimônia na Cabaceiras com presença do presidente do Incra, Rolf Hackbart,
e da governadora Ana Júlia Carepa (PT) lançará também a
"pedra fundamental" de uma
escola agrotécnica federal no
local.
(JCM e TR)
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