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OPERAÇÃO TAPA-BURACO
Empreiteiras reclamam de desconto
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A associação que representa as
empreiteiras especializadas em
obras rodoviárias enviou carta ao
Dnit (Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes)
solicitando o fim da exigência de
redução de 20% no preço em relação à tabela de referência do órgão para execução das obras do
programa emergencial.
No texto da carta, a Aneor (Associação Nacional das Empresas
de Obras Rodoviárias) afirma que
a "redução prévia imposta em relação aos preços meramente referenciais não pode prevalecer como conceito para a escolha da
empresa a ser contratada em regime de excepcionalidade".
"Obras rodoviárias emergenciais são executadas de forma descontínua, gerando, dessa forma,
produções menores de serviços e,
conseqüentemente, custos maiores para as empresas contratadas", continua o texto.
Quando o governo lançou o
programa emergencial e informou que contrataria empreiteiras
de forma emergencial, sem licitação, o ministro dos Transportes,
Alfredo Nascimento (PL), afirmou que o governo exigiria 10%
de desconto. Na semana passada,
o ministro afirmou que os descontos estavam chegando a 20%.
"Está tudo tendo uma conotação muito política", afirmou o
presidente da Aneor, José Alberto
Pereira Ribeiro. "Nas contratações sem licitação, o governo deveria fazer pelo menos uma carta-convite, e enviar para umas três
ou quatro empresas", disse.
O programa emergencial do governo prevê obras em 26,5 mil km
de rodovias, com um custo estimado em R$ 440 milhões. Em
aproximadamente 19 mil km já
existem empresas trabalhando,
que ganharam licitações para realizar outras obras, e tiveram seus
contratos aditados para fazer a
operação tapa-buraco.
No restante dos trechos, não há
empresas contratadas e o governo
passará a obra para empreiteiras
escolhidas sem licitação. Para esses trechos, o governo está exigindo desconto e informou que só
pagará as faturas após auditoria
nas obras. Essa auditoria poderá
ser acompanhada por técnicos da
CGU (Controladoria Geral da
União), do TCU (Tribunal de
Contas da União) e do Exército.
Procurados por meio de suas
assessorias de imprensa, o Ministério dos Transportes e o Dnit não
comentaram a carta da Aneor.
Denúncia
Ontem o diretor-geral do Dnit,
Mauro Barbosa, disse que o órgão
abriu sindicância para apurar denúncias em relação à contratação
de empreiteiras do programa
emergencial no Piauí. A comissão
de sindicância deverá produzir
um relatório em cinco dias.
De acordo com reportagem publicada ontem no jornal "Correio
Braziliense", a construtora Jurema, que foi contratada para executar obras emergenciais no
Piauí, pertence a Humberto e
João Castro, irmãos do deputado
federal Marcelo Castro (PMDB-PI). O deputado teria feito a indicação política do chefe do Dnit no
Piauí, Sebastião Braga. Braga, por
sua vez, seria casado com a irmã
do deputado.
No Piauí, a Jurema já tinha contratos, que foram aditados para
execução de obras emergenciais.
Na operação tapa-buraco, a empresa está trabalhando em um
trecho de 64 quilômetros na BR-402 e fazendo obras orçadas em
R$ 1,3 milhão.
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