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Presidente italiano nega em carta julgamento político de Battisti
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na carta, que foi entregue no
sábado a um assessor de Lula
pelo embaixador da Itália em
Brasília, Michele Valensise, o
presidente italiano, Giorgio
Napolitano não só manifestou
surpresa pela decisão do governo brasileiro, mas reclamou
também dos motivos alegados
pelo ministro da Justiça, Tarso
Genro, para negar a extradição
e conceder refúgio ao ex-terrorista Cesare Battisti.
Um desses motivos é que
Battisti foi julgado numa época
conturbada na Itália. O outro é
que, ainda hoje, Battisti poderia sofrer represálias se fosse
enviado de volta a seu país.
Conforme a Folha apurou,
Giorgio Napolitano replica em
sua carta a Lula que, em 1979,
como é fato conhecido, o então
governo da Itália reprimiu grupos e ações terroristas dentro
da normalidade legal e democrática, sem viver num Estado
de exceção.
Ele afirma, ainda, que Battisti foi condenado por leis regulares do país e que não há possibilidade de alguém ser perseguido hoje na Itália por opiniões políticas. E faz distinção
entre opinião e assassinatos.
Ao conceder o refúgio a Battisti, Tarso Genro passou por
cima da posição do Itamaraty,
da Procuradoria Geral da República e do seu próprio ministério, sem aguardar o julgamento do caso pelo Supremo
Tribunal Federal, previsto ainda para este semestre.
Na interpretação do ministro, Battisti cometeu crime político. A Itália alega que foi crime comum: ele assassinou um
açougueiro, um joalheiro e dois
guardas de penitenciária, além
de atingir outras pessoas.
A expectativa do governo, do
parlamento, de setores expressivos do Judiciário e da opinião
pública italiana é a de que Lula
reveja a decisão tomada por
seu ministro da Justiça, permitindo que o Supremo julgue o
caso com menos ideologia e
mais critério jurídico.
Não há até o momento, porém, nenhum indício de que o
presidente brasileiro fará isso.
Ao contrário, em sua única manifestação pública sobre o caso,
defendeu a decisão de Tarso
como uma "questão de soberania nacional".
Segundo Lula, as autoridades
italianas têm o direito de discordar, mas devem respeitar a
concessão do refúgio.
Lula já está com a carta do
presidente italiano. Segundo a
assessoria de imprensa da Presidência da República, ele deve
se manifestar hoje sobre o caso.
Além de protestar, o governo
italiano ainda estuda buscar o
Judiciário brasileiro para conseguir a extradição do ex-terrorista Cesare Battisti.
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