|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo não consegue disciplinar uso de cartão
Um ano após crise, meio de pagamento ainda é usado em compras não-emergenciais
Portal da Transparência aponta gastos com aluguéis em sequência de carros, restaurantes de alto padrão e loja de time de futebol
ALAN GRIPP
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um ano depois, a história se
repete. Mesmo depois de uma
CPI no Congresso e de o governo baixar normas disciplinando o uso do cartão corporativo,
servidores continuam a usar o
meio de pagamento para compras que não são emergenciais
ou que desobedecem o princípio da busca pela economia
com o dinheiro público.
Dados do Portal da Transparência revelam que os cartões
bancaram aluguéis em sequência de carros, refeições em restaurantes de alto padrão, despesas em delicatessen e até gastos em uma loja do Grêmio.
Também registram uma
compra na Dufry Brasil Duty
Free -da mesma rede de free
shop em que a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial)
usou o seu cartão corporativo,
no episódio que desencadeou o
processo de sua demissão.
A despesa foi feita pelo oficial
da Aeronáutica Marcelo José
Perez Monteiro. Em outubro,
ele gastou R$ 647 na loja Duty
Free do aeroporto de Brasília.
Segundo a corporação, foram
compradas três mochilas para
notebook e uma pasta protetora para computador portátil.
Na filial da Grêmio Mania em
Santa Maria (a 301 km de Porto
Alegre), três funcionários da
universidade federal gastaram
R$ 2.827 de abril a outubro de
2008 -segundo a instituição,
para comprar 26 bolas de futebol. Por telefone, a loja informou que não vende produto
que não tenha as cores ou a
marca do tricolor gaúcho.
Servidores do IBGE no Mato
Grosso gastaram R$ 72,9 mil
com o aluguel de carros num
único lugar: a Localiza Rent a
Car. Foram 94 despesas.
Ano passado, a ex-ministra
Matilde gastou R$ 110 mil da
mesma forma. À época, seu
comportamento foi censurado
com o argumento de que, para
compras em sequência, é obrigatória a realização de licitação.
No mercado La Palma, uma
das mercearias mais caras de
Brasília, funcionários do Comando da Aeronáutica compraram R$ 5.056,80 em itens
para "alimentação diária do
efetivo de militares".
No Ministério da Defesa, um
servidor gastou R$ 2.000 na
churrascaria Porcão (rodízio a
R$ 72 por pessoa), em Brasília.
Segundo a pasta, foram pagas
refeições a 17 integrantes de comitiva do governo americano.
Aeronáutica e Exército também alegaram a necessidade de
receber delegações internacionais para justificar cinco despesas na Potência Grill, em Brasília (R$ 49,90 por pessoa o almoço e R$ 39,90 o jantar).
Texto Anterior: Presidente italiano nega em carta julgamento político de Battisti Próximo Texto: Outro lado: Compra de mochilas em aeroporto foi "necessária", diz FAB Índice
|