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AGENDA PETISTA
Documento propõe fim da aposentadoria integral do setor público
Governo quer taxar inativo e reduzir benefício de servidor
LUCIO VAZ
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal estuda criar
uma contribuição para os servidores inativos com alíquota abaixo dos 11% cobrados atualmente
dos ativos na esfera federal. Além
disso, pretende alterar o sistema
de pensões dos funcionários públicos, reduzindo o valor dos benefícios a serem pagos aos pensionistas. Pensionista é quem passa a receber o benefício após a
morte do segurado.
As propostas fazem parte de um
documento entregue aos governadores de Estado, que terão reunião com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva amanhã e na sexta-feira, em Brasília. O texto, obtido
pela Folha, resume um "conjunto
de diretrizes que poderão orientar" a reforma da Previdência.
Segundo o documento, a cobrança dos inativos poderia ser
instituída para cobrir benefícios
de risco, "principalmente a pensão" deixada pelo aposentado ao
morrer. "Essa alíquota teria que
ser obviamente inferior à alíquota
integral dos servidores ativos."
O governo Fernando Henrique
Cardoso tentou instituir a cobrança em algumas ocasiões, todas sem sucesso. A última por
meio da lei 9.783, de janeiro de 99,
que previa três alíquotas: 11%,
20% e 25%, cobradas de acordo
com a faixa salarial dos inativos.
Em setembro de 99, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou inconstitucional a lei e derrubou a cobrança. FHC chegou a
analisar propostas para tentar retomá-la, mas, diante das dificuldades políticas, abandonou a
idéia. Então na oposição, o PT criticou em vários momentos as tentativas de cobrança dos inativos.
Ao assumir o cargo, o ministro
Ricardo Berzoini (Previdência)
descartava a possibilidade de retomar a idéia devido às dificuldades jurídicas em adotá-la. Nas últimas semanas, mudou o discurso
e cogitou incluir a medida no debate da reforma.
O governo planeja "redesenhar
o sistema de pensões para os servidores civis". Segundo o texto,
com a morte do servidor, a renda
para a sobrevivência da família
não precisa "permanecer nominalmente constante" -seria importante manter inalterada a renda por pessoa.
Mudança no cálculo
A proposta sugere ainda mudar
a fórmula de cálculo das aposentadorias do funcionalismo. Em
vez do último salário, a base seria
a média dos 80% maiores salários
do servidor. Sobre esse valor, incidiria ainda o fator previdenciário.
Ou seja, acabaria a aposentadoria
com base no salário integral.
Essa sistemática de cálculo já é
adotada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para as
aposentadorias do setor privado.
Na proposta, também são elencados o aumento da idade mínima para a aposentadoria dos servidores e a ampliação dos prazos
de carência no serviço público para ter direito à aposentadoria.
O texto propõe igualar as regras
de pensão dos militares às dos
servidores civis. Isso inclui o fim
das pensões vitalícias para filhas
de militares, que existe para quem
estava na carreira antes de 2000.
Também é cogitado, segundo o
texto, equiparar as alíquotas de
contribuição de militares e civis.
Hoje, os civis pagam mais que os
militares, embora esses últimos
continuem contribuindo para o
sistema quando são reformados.
O governo quer eliminar a contagem de tempo fictício de contribuição para os militares. Na contagem de tempo fictício, o militar
converte em tempo de contribuição período em que não houve recolhimento para o sistema.
O documento confirma a idéia
do governo de instituir o regime
único de aposentadorias apenas
para os novos servidores. Para os
atuais, seriam aplicadas as regras
detalhadas no documento -todas com o objetivo de reduzir o
déficit com aposentadorias e pensões do setor público, estimado
neste ano em R$ 41 bilhões.
A regulamentação do teto dos
benefícios para os três Poderes
também faz parte do documento.
Criada em 98, até hoje não foi regulamentada.
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