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No "Le Monde", Lula ataca antecessores
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O jornal "Le Monde", o principal da França, publicou ontem na
primeira página um artigo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que ele critica seus predecessores no governo e afirma que
as medidas econômicas que está
adotando fazem parte de um "período de transição". As medidas
têm sido consideradas no Brasil e
mesmo no exterior como uma
adesão do PT a um modelo de política econômica conservadora.
No artigo "O Brasil e o Mundo",
Lula escreve que as desigualdades
sociais se acentuaram nas duas últimas décadas e que "certas escolhas" feitas em matéria de política
econômica deixaram o país "mais
vulnerável". "Nossos predecessores no poder avaliaram mal a situação internacional e acreditaram que haveria mais vantagens
que inconvenientes ao fazerem
nossa economia dependente dos
capitais internacionais. Não foi o
que ocorreu", diz.
Lula não descarta a mudança do
modelo econômico, o que, segundo ele, "não se faz da noite para o
dia". Reivindica que precisa de
tempo para mudar porque quer
evitar a volta da inflação. Afirma
que honrará os compromissos financeiros do país e que pretende
encorajar investimentos "produtivos" nacionais e internacionais.
"Nós iremos portanto conhecer
um período de transição durante
o qual deveremos compor com as
pressões que são hoje as da economia brasileira, começando ao
mesmo tempo as reformas econômicas, sociais e políticas esperadas pelos 53 milhões de brasileiros que depositaram em mim sua
confiança", escreve.
O texto ocupa a seção "Ponto de
Vista", que publica a cada dia na
primeira página um artigo de opinião de personalidades políticas
ilustres ou de intelectuais. Semana passada, no auge da crise européia a respeito do Iraque, o jornal
publicou no mesmo lugar artigo
do premiê britânico, Tony Blair.
Lula pode estar entre os 150 candidatos ao Nobel da Paz deste
ano, segundo a agência de notícias "France Presse".
Segundo Stein Toennesson, diretor do Instituto de Pesquisa pela
Paz, responsável pelo prêmio, a
vez de um dirigente sul-americano em "luta contra as desigualdades sociais", em especial Lula, pode ter chegado.
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