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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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No "Le Monde", Lula ataca antecessores

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

O jornal "Le Monde", o principal da França, publicou ontem na primeira página um artigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que ele critica seus predecessores no governo e afirma que as medidas econômicas que está adotando fazem parte de um "período de transição". As medidas têm sido consideradas no Brasil e mesmo no exterior como uma adesão do PT a um modelo de política econômica conservadora.
No artigo "O Brasil e o Mundo", Lula escreve que as desigualdades sociais se acentuaram nas duas últimas décadas e que "certas escolhas" feitas em matéria de política econômica deixaram o país "mais vulnerável". "Nossos predecessores no poder avaliaram mal a situação internacional e acreditaram que haveria mais vantagens que inconvenientes ao fazerem nossa economia dependente dos capitais internacionais. Não foi o que ocorreu", diz.
Lula não descarta a mudança do modelo econômico, o que, segundo ele, "não se faz da noite para o dia". Reivindica que precisa de tempo para mudar porque quer evitar a volta da inflação. Afirma que honrará os compromissos financeiros do país e que pretende encorajar investimentos "produtivos" nacionais e internacionais.
"Nós iremos portanto conhecer um período de transição durante o qual deveremos compor com as pressões que são hoje as da economia brasileira, começando ao mesmo tempo as reformas econômicas, sociais e políticas esperadas pelos 53 milhões de brasileiros que depositaram em mim sua confiança", escreve.
O texto ocupa a seção "Ponto de Vista", que publica a cada dia na primeira página um artigo de opinião de personalidades políticas ilustres ou de intelectuais. Semana passada, no auge da crise européia a respeito do Iraque, o jornal publicou no mesmo lugar artigo do premiê britânico, Tony Blair.
Lula pode estar entre os 150 candidatos ao Nobel da Paz deste ano, segundo a agência de notícias "France Presse".
Segundo Stein Toennesson, diretor do Instituto de Pesquisa pela Paz, responsável pelo prêmio, a vez de um dirigente sul-americano em "luta contra as desigualdades sociais", em especial Lula, pode ter chegado.


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