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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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Funcionalismo protesta e pede aumento

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os servidores públicos federais, categoria historicamente ligada ao PT e à CUT, braço sindical do partido, lançam hoje o que deve ser o primeiro embate institucional entre uma categoria e o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de pedir 46,95% de reajuste a partir de 2004 em um evento na Câmara dos Deputados, o funcionalismo divulgará um documento no qual critica a reforma previdenciária, prioridade do governo em relação às demais reformas. O governo deverá propor um reajuste entre 2,3% e 4% para o 1,2 milhão de servidores civis.
O índice de reajuste foi projetado pelo Dieese com base no ICV (Índice do Custo de Vida) entre julho de 1998 e abril de 2003. No acumulado desde 1995, a reposição necessária seria de 122%, pelo mesmo índice. Desde o primeiro ano do governo FHC não há reajuste linear para a categoria.
O funcionalismo também quer o arquivamento do PL-9, projeto que prevê os fundos de pensão complementar para a categoria, e ainda defende que os direitos dos trabalhadores do setor privado sejam iguais aos do setor público.

Radicais estrelas
Ontem, em assembléia com 400 servidores, o tom oposicionista ganhou força com a chegada de expoentes da chamada ala radical do PT -a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados federais Babá (PA), Luciana Genro (RS) e Lindberg Farias (RJ).
Os parlamentares foram recebidos como celebridades, com palmas, pedidos para fotos e cumprimentos. A senadora Heloísa Helena, também funcionária pública federal, disse que a presença dos quatro não significava uma defesa ao corporativismo. "Quando se preserva o servidor público, se preserva o serviço público para a população", afirmou.
A senadora disse que, antes de identificar os problemas do déficit, é preciso acabar com os benefícios da "pilantropia" nacional. Foi ovacionada com um coro antes reservado a Lula: "Brasil urgente, Heloísa presidente".
O argumento dos servidores é que o governo não contabiliza nas receitas da seguridade social parte da arrecadação da CPMF, Cofins e contribuição sobre o lucro e que, por isso, não existe o déficit. Além disso, a União não paga a contrapartida que deveria para a previdência. "Estamos desde a época do Collor sendo tratados como bode expiatório da nação, como marajás", disse o deputado Babá, também funcionário público.


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