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Governo vai propor
reajuste de 4% a
parte dos servidores
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que começa a
campanha salarial dos servidores
públicos por um aumento de quase 47% -o primeiro teste do governo petista em negociações salariais-, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva deverá encaminhar
ao Congresso Nacional uma proposta de reajuste de 4% para somente uma parte dos servidores
ou de 2,3%, caso o percentual seja
estendido a todo o 1,2 milhão de
servidores civis.
As duas opções foram debatidas
ontem à noite na Casa Civil. Mas
uma coisa já estava previamente
definida: qualquer que seja o percentual, o reajuste será retroativo
a janeiro, data-base do funcionalismo e objeto de uma ação por
omissão movida contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo próprio PT.
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva vai atribuir a FHC a maior
parte da responsabilidade pelo
percentual que encaminhará ao
Congresso. O Orçamento da
União, aprovado em 2002, reserva
R$ 1,123 bilhão para bancar o custo do reajuste.
O cálculo foi feito com base numa estimativa inicial de inflação
para 2003 e levando em conta que
maior parte dos servidores não teria nenhum reajuste agora porque
já recebeu algum tipo de aumento
no período dos últimos 12 meses.
Acontece que a previsão oficial
de inflação para 2003 pulou para
8,5%, segundo a meta ajustada divulgada pelo governo.
Se o reajuste for estendido a todos os servidores, o percentual
mal cobrirá a inflação registrada
em janeiro. Seriam 2,3% contra os
2,25% medidos pelo IPCA no primeiro mês do ano.
Uma lei de 2001 dá o principal
argumento de que o governo Lula
precisa para tentar conter a reação dos funcionários, que pressionam pela reposição de perdas que
teriam acumulado ao longo do
governo tucano.
A lei 10.331 diz que a revisão geral anual dos vencimentos dos
servidores está condicionada à
previsão de despesa na lei orçamentária.
A hipótese de lançar mão de
verbas de outros programas para
garantir um reajuste maior estava
descartada ontem.
A principal preocupação é como lidar com os sindicatos dos
servidores. A idéia já divulgada
pelo ministro do Planejamento,
Guido Mantega, é instalar um comitê de negociação com as entidades que representam os funcionários.
O compromisso com as entidades seria recompor as perdas salariais ao longo dos quatro anos de
mandato de Lula.
Paciência
No final da campanha eleitoral,
Lula chegou a pedir "paciência" a
representantes dos funcionários
que o abordaram durante um comício. "Já tivemos muita paciência, agora queremos reajustes",
foi a resposta que ouviu.
A página do PT na internet endossa a tese de volumosas perdas
salariais acumuladas desde 1995.
A defasagem teria atingido
86,59% até maio de 2001, segundo
artigo assinado por Luiz Alberto
Santos, então advogado do partido e atual subchefe da Casa Civil.
Na ocasião, o PT havia acabado
de ganhar uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão
contra Fernando Henrique Cardoso no Supremo Tribunal Federal. Por unanimidade, os ministros determinaram a FHC que encaminhasse ao Congresso proposta de revisão geral dos salários.
Logo depois, FHC encaminhou
ao Congresso proposta de reajuste geral de 3,5% para os servidores, inclusive os aposentados, como manda a lei.
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