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OPERAÇÃO SOCIAL
Doação destruiria produção local, diz idealizador
Governo estuda fazer leilão dos alimentos doados ao Fome Zero
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Walter Belik, um
dos idealizadores do Fome Zero e
integrante do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), afirmou ontem em São Paulo que o
programa prevê o leilão pelo governo das doações de alimentos
recebidas de empresas e da sociedade e, com o dinheiro, a compra
de alimentos produzidos nos municípios atendidos.
Em palestra sobre o programa
para representantes da agroindústria na Câmara Americana de
Comércio, Belik defendeu os leilões e o investimento local como
forma de estimular a economia
dos municípios e combater a fome e a pobreza de maneira estrutural. A simples remessa de alimentos, ele diz, "destrói a produção local", o que iria contra os objetivos do programa.
A assessoria do ministro José
Graziano (Segurança Alimentar e
Combate à Fome) disse que a medida "está sendo considerada e faz
parte das opções" para a criação
de "regras operacionais" para as
doações, a serem divulgadas no
início de março. Por enquanto, as
doações já recebidas estão sendo
"negociadas pontualmente com
entidades que as absorvam e distribuam", segundo a assessoria.
Segundo Belik, o Fome Zero
"não é uma campanha de doação,
não é um "natal sem fome" de quatro anos". Mas disse ser "é importante a solidariedade". O economista disse que o projeto visa a fazer uma ponte entre produtores
que não têm a quem vender (no
caso, os agricultores das cidades
atendidas) e pessoas que querem
comprar alimentos mas têm "insuficiência de poder aquisitivo".
Para Belik, é difícil conseguir concretizar o programa nos termos
de seu nome. "Nem nos EUA,
nem na Europa existe "fome zero",
nos dizem. É verdade", afirmou.
Sérgio Barroso, presidente da
Cargill, uma das maiores empresas de agronegócio em atuação no
país, e Domério de Oliveira, coordenador do comitê de agronegócio da Câmara Americana, questionaram Belik sobre a possibilidade de o governo conceder benefícios fiscais a empresas que investissem nas regiões atendidas
pelo Fome Zero. "Existe hoje incentivo fiscal para o Nordeste, via
Sudene. Está desacreditado. Mas
existe a possibilidade de vincular
[o incentivo] a projetos determinados", disse Oliveira.
"Não sou governo", respondeu
Belik, que afirmou no entanto poder levar a sugestão ao Consea.
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