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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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CPI do grampo já tem 81 nomes, diz Jungmann

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Raul Jungmann, ex-ministro do governo FHC e antigo crítico do PT, se uniu a dois expoentes da ala radical petista, os deputados Babá (PA) e Lindberg Farias (RJ), para iniciar a coleta para a CPI do Grampo, que teve como primeiro a assinar o líder da bancada do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), uma das vítimas do grampo ilegal.
No início da noite, Jungmann disse ter 81 assinaturas, entre deputados do PT, PSDB, PPS, PSB e PMDB. Para fazer o requerimento de abertura à Mesa, são necessárias 171 assinaturas, um terço da Câmara. O deputado disse que até a semana que vem vai conseguir o número necessário.
"Diziam que eu estava isolado", comemorava o ex-ministro, referindo-se a notícias sobre o fato de os líderes do PMDB terem afirmado que a tentativa de abertura de CPI não era uma ação institucional da legenda, mas sim uma iniciativa pessoal do deputado. Apesar disso, a atitude de Jungmann e dos radicais do PT, que estão em atrito com a cúpula da legenda devido à oposição que fazem à política econômica do governo, foi vista por lideranças do governo como mera peça de marketing.
O governo e a liderança do PT não querem uma CPI no momento -já que poderia tumultuar a tentativa de aprovação das reformas no Congresso- e apostam que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), apontado como principal suspeito de estar por trás dos grampos (ele nega), pode ser julgado diretamente pela Comissão de Ética do Senado, que tem poderes para iniciar o processo de cassação. São dois os argumentos básicos para, segundo eles, classificar a coleta como factóide: primeiro, uma CPI na Câmara não teria poderes para convocar ACM a depor, por exemplo.
Para isso, seria necessária uma CPI mista da Câmara e do Senado. O segundo ponto é o fato de haver uma série de requerimentos de CPI que estão na frente do possível pedido de Jungmann.
Ontem o procurador da Câmara, Luiz Antonio Fleury (PTB-SP) apresentou a João Paulo relatório de sua visita à Bahia para acompanhar as investigações. Fleury afirmou que a Procuradoria da Câmara já tem pronta modelo de ação cível por danos morais contra o governo da Bahia caso os deputados atingidos pelo grampo queiram a assessoria jurídica da Câmara.
(RANIER BRAGON)


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