O ministro Maurício Corrêa participa de audiência sobre reforma do Judiciário na CCJ do Senado

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, sugeriu ontem o afastamento do ministro José Dirceu (Casa Civil), ao citar o exemplo de Henrique Hargreaves, que ocupou esse mesmo cargo na gestão Itamar Franco (1992-1994), mas ficou cem dias fora do governo por causa de suspeitas de irregularidades.
Corrêa afirmou que foi "extremamente salutar" o afastamento de Hargreaves, ao responder a uma pergunta sobre a possibilidade de Dirceu deixar o cargo durante o funcionamento da CPI que apuraria o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor de Assuntos Parlamentares da Presidência.
"Prefiro acreditar que o ministro Dirceu não tem nada a ver com o problema. Entretanto conheço uma experiência que foi extremamente salutar. Na época do governo Itamar, foi preciso apurar o possível envolvimento do ministro Hargreaves em uma questão. O Itamar combinou com ele o afastamento, e ele só voltou quando ficou esclarecido que não tinha absolutamente nada a ver com o caso", declarou Corrêa.
Anteontem, Dirceu avisou os presidentes da Câmara e do Senado e os líderes dos partidos aliados que irá se afastar do governo caso seja instalada a CPI.
O presidente do STF comentou a possibilidade de afastamento de Dirceu por volta das 10h30, ao chegar à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde falou por mais de três horas sobre o projeto de reforma do Judiciário.
À saída, ele mudou o tom e exibiu irritação. Disse que é "problema do Planalto", elogiou Dirceu e disse que fora mal interpretado sobre a declaração anterior. Segundo sua assessoria, ele entendera que Dirceu havia posto o cargo à disposição. Sua intenção não seria defender o afastamento, mas comentar um fato já ocorrido.

Roberto Freire
O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (PE), disse ontem que, se fosse o presidente Lula, aceitaria o afastamento de José Dirceu da Casa Civil.