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Procuradoria investiga reuniões de ex-assessor no 1º semestre de 2003
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O Ministério Público Federal investiga dados sobre pelo menos
cinco ocasiões nas quais o ex-assessor palaciano Waldomiro Diniz se reuniu em Brasília com diretores da empresa de informática GTech Brasil -numa delas, estava presente o empresário de
bingos Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira.
Os encontros aconteceram no
primeiro semestre de 2003, já no
governo Lula, quando Waldomiro ocupava o cargo de subchefe de
Assuntos Parlamentares, subordinado ao ministro da Casa Civil,
José Dirceu. Na época, a empresa
negociava com o governo a renovação de um contrato de R$ 650
milhões, que fechou em 8 de abril,
para gerenciar loterias federais.
A primeira reunião ocorreu,
conforme o levantamento do Ministério Público, em 6 de janeiro
de 2003, cinco dias depois de o
"Diário Oficial" da União registrar a nomeação de Waldomiro
para o cargo no Planalto. No encontro, ele teve como interlocutores os diretores da GTech Antonio
Carlos Lino da Rocha e Marcelo
José de Rovai. É a única reunião
da qual Cachoeira também participa, segundo a investigação.
Ainda conforme a investigação,
houve um café da manhã em Brasília em 31 de março, oito dias antes de a GTech celebrar a renovação de seu contrato com a Caixa
Econômica Federal. A negociação
é alvo de outra investigação no
Ministério Público Federal do
Distrito Federal por suposto prejuízo financeiro ao banco.
A Folha apurou que o executivo
Antônio Carlos Lino da Rocha,
que então ocupava o mais alto
cargo da GTech no Brasil e que
mora em São Paulo, hospedou-se
no Hotel Blue Tree Tower nesse
mesmo dia 31. As reuniões terminaram em 1º de julho de 2003.
Waldomiro foi exonerado do
cargo, "a pedido", na última sexta-feira, quando a revista "Época"
revelou o conteúdo de uma fita de
vídeo na qual ele foi flagrado em
diálogo com Cachoeira. No diálogo, gravado pelo empresário em
2002, o ex-assessor pedia propina
e contribuições eleitorais e negociava os termos de uma licitação
para favorecer Cachoeira.
Em conversas com amigos, relatadas à Folha, Cachoeira alegou
que foi traído por Waldomiro. Ele
teria apresentado o ex-assessor
aos executivos da GTech. Queria
abrir espaço na administração
pública para ampliar seus negócios com a GTech. Aproveitando-se de uma viagem de Cachoeira,
Waldomiro continuou se reunindo com os executivos da GTech.
Há um ponto coincidente entre
os negócios de Cachoeira e da
GTech: ambos operaram ou operam no mercado lotérico do Paraná (a GTech já deixou o Estado) e
de Minas Gerais. Uma das filiais
da empresa do irmão de Cachoeira, Sebastião de Almeida Ramos
Júnior, 37, a Capital Construtora e
Limpeza Ltda., está registrada em
Araxá (MG). De acordo com a
GTech, a empresa é contratada da
loteria estadual de Santa Catarina.
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