São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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Empresa pressionou para mudar edital

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A empresa de informática GTech pressionou para que a Caixa Econômica Federal mudasse trechos de um edital de licitação e usou nove ações judiciais para obter a renovação do contrato.
Nessa fase das negociações, a poucos dias do vencimento do contrato assinado em 2000, diretores da GTech teriam encontrado Waldomiro Diniz (ex-assessor parlamentar da Casa Civil) em um hotel de Brasília, segundo o Ministério Público Federal.
As exigências da GTech constam do processo de contratação da empresa, do qual cópias foram entregues, a pedido, ao senador Demóstenes Torres (PFL-GO).
O banco aceitou, em abril de 2003, renovar o contrato com a empresa, estimado em R$ 650 milhões, por um prazo de 25 meses.
De acordo com uma exposição da Vice-Presidência de Logística da Caixa em reunião com o Conselho Diretor do banco, a GTech propôs "alteração da licitação para possibilitar a apresentação de proposta" e "a revisão do modelo licitacional para adequar a licitação às teses da GTech em juízo".
A multinacional atacava na Justiça um processo licitatório em forma de abertura de pregões, que a Caixa iniciou para tentar pôr em prática o plano de transição do modelo operado pela GTech para outro, próprio. O banco se sentia refém do modelo -a única que o conhecia era a própria GTech.
No banco, havia muitas dúvidas sobre o cálculo que a GTech fazia sobre os custos de suas operações. Um relatório da reunião do dia 14 de agosto de 2002 apontava: "A reunião iniciou com uma contextualização efetuada por Barasuol [Antônio Barasuol, gerente nacional de Loterias], discorrendo sobre como vinha sendo efetuado o ateste das faturas dos serviços prestados pela GTech, a anormalidade detectada quanto ao pagamento de transações negadas e a falta de informações nos sistemas corporativos Caixa, que pudessem conferir dados utilizados pela GTech para elaborar a fatura".
A gerência de Loterias da Caixa informou que os processos abertos pela GTech contra os pregões continuam e a renovação do contrato ocorreu por falta de opções: se a relação acabasse, o sistema lotérico seria paralisado. (AM e RV)

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