São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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No Rio, Waldomiro é suspeito em apuração sobre tráfico

DA SUCURSAL DO RIO

A investigação do Ministério Público Federal no Rio sobre o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz apura a suposta ligação dele com um caso de lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, usando casas de jogos eletrônicos como lavanderia.
As promotoras Andréa Araújo, Andréa Bayão e Cíntia Melo Damasceno dizem que a base dessa investigação são os depoimentos de duas pessoas ouvidas por procuradores da República em Brasília. Por enquanto, não há provas que confirmem a suspeita de que Waldomiro participa de um esquema de lavagem de dinheiro.
Waldomiro é apenas um dos personagens dessa investigação. O nome dele apareceu porque uma das pessoas que prestaram depoimento (cujo nome Araújo não revelou, mas que é o comerciante Carlos Roberto Martins) disse que Waldomiro representava no Congresso interesses de Alejandro Ortiz -dono da Bingomatic. Ortiz, supostamente ligado à máfia espanhola, é citado em carta rogatória enviada ao Brasil pelo governo italiano num caso de tráfico internacional de drogas. Ele seria, portanto, o elo entre a investigação sobre lavagem de dinheiro e Waldomiro.
Uma das empresas suspeitas de atuar na lavagem é o consórcio Combralog, no Rio, que opera jogos on-line da Loterj, que foi presidida por Waldomiro. Uma das empresas desse consórcio é a Capital, que tem como sócio Sebastião Ramos Júnior, irmão do empresário do bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Waldomiro aparece numa fita cobrando propina de Cachoeira e pedindo dinheiro para as campanhas de Benedita da Silva (PT) e Rosinha Matheus (PMDB) ao governo do Rio, em 2002.
As promotoras aguardam o material resultante dos mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília, Goiânia e Anápolis (GO), nas casas e empresas de Waldomiro e de outros citados na investigação.
Elas pedirão explicações à PF para saber por que os mandados, emitidos no sábado, foram executados no domingo no Rio e em São Paulo, na segunda em Brasília e anteontem em Goiás. "As pessoas sabem que estão sendo investigadas. Se houver algum elemento com elas, elas vão querer se desfazer. A cada dia que elas sabem que a investigação está correndo, e a cada dia que se passou e não foi cumprido, é óbvio que a chance [de se desfazerem da prova] é maior", declarou Bayão.
As promotoras disseram que a fita com a conversa de Waldomiro e Cachoeira não pode ser usada como prova até que se esclareça como ela foi gravada e quem a gravou. (FERNANDA DA ESCÓSSIA, FABIANA CIMIERI e PEDRO DANTAS)

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