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JANIO DE FREITAS
Casos vários
A zonzeira bateu com força na cúpula do governo e
do PT. Ao primeiro passo rápido
e certo, com a exoneração do assessor desmascarado e a ordem
de investigação policial, seguiu-se uma torrente de sandices que
cedeu terreno à oposição, alimentou os que buscam a queda
de José Dirceu e os petistas nem
se deram conta de que deixaram Lula sob uma acusação pesada.
A defesa do PT contra o pedido de CPI foi ameaçar com a investigação concomitante de casos do governo Fernando Henrique que não puderam ser investigados. Casos, portanto, que o
PT e o governo consideram tão
graves que bastariam para atemorizar a oposição. Os autores e
beneficiários dessas improbidades que o PT e o governo consideram tão graves, e são, continuam impunes e seguros porque, é notório, o acordo de Lula
com Fernando Henrique incluiu "esquecê-los".
Logo, se até o fim do seu mandato Fernando Henrique foi o
garantidor da impunidade, desde então quem a assegura é Lula. Um e outro praticantes da
mesma forma de conivência
com improbidades, e nessa condição igualmente apontados pela saída falsa do governo e do
PT.
A facilidade com que o governo e suas lideranças parlamentares se fazem acuar, apesar de
toda a insuficiência das lideranças oposicionistas, chega a ser
grotesca. Já está José Dirceu tratado, na imprensa e no Congresso, como se fosse ele o Waldomiro Diniz. Direta ou enviesadamente, pedem sua cabeça. Não
apareceu até agora, porém, nada que o comprometa em termos morais ou administrativos.
As comparações com o episódio
Hargreaves e com Eduardo Jorge Caldas Pereira multiplicam-se sem fundamento algum: o
primeiro foi vítima de uma acusação direta, justificando-se que
deixasse o Gabinete Civil até
prová-la injusta, como fez; o outro ficou sob suspeitas e acusações muito mais amplas e, se algumas se mostraram infundadas, ficaram faltando muitas
explicações convincentes -por
exemplo, para os inúmeros contatos com o Lalau do TRT-SP e
para a abertura apenas parcial
do sigilo telefônico.
O assédio avança e o governo,
ou assiste estupefato, ou se embaraça em pretensas defesas que
o corroem mais do que os ataques. E nisso tudo está um bom
caso de estudo sobre a imprensa,
ou a mídia, brasileira. A gravação que compromete um assessor com uma ilicitude grave recebe o realce devido e as devidas
cobranças de investigação. Trata-se, no entanto, de um assessor. A gravação em que um presidente da República combinava com o então presidente do
BNDES a manipulação fraudulenta de uma privatização bilionária, ah, isso foi facilmente esvaziado. E era caso passível de
impeachment.
Como as investigações vão
adiante, fora e dentro do governo, será conveniente que se interessem pelo tema dos bingos e
pelas variadas vias de abordagem desse tema no governo. Nele estão, aliás, as preliminares
de uma proposta que tem encontrado trânsito desimpedido
no governo e, particularmente,
em certas alas da Presidência: a
abertura de cassinos.
Outro caso
Gilberto Gil fez muito bem em
dar atenção ao que se passava
no Ministério da Cultura e dar
início à remontagem de sua assessoria imediata. Gil não imagina o tamanho do risco que estava correndo, com determinadas práticas e "projetos" à sua
volta.
Sua providência ainda é insuficiente, no entanto. Ou fica
mais à frente do ministério ou
viaja por aí afora, e ministério
sem ministro está sujeito a muitas surpresas. E as exonerações
feitas estão precisando do complemento mais do que justificado: auditorias, investigações internas e externas.
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