São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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REFORMA POLÍTICA

Genoino defende aprovação da proposta ainda neste ano

Só financiamento público vai barrar corrupção, diz petista

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem em São Paulo que o partido irá trabalhar para que o financiamento público de campanhas eleitorais, previsto na reforma política, seja votado neste ano no Congresso para ser usado na sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Antes de anunciar o apoio do PT à votação do projeto neste ano, Genoino, falando a empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse que só o financiamento público pode evitar casos como o do ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil), Waldomiro Diniz.
"Hoje é o caso Waldomiro, ontem foi o caso Ricardo Sérgio [ex-tesoureiro de campanhas do PSDB]. É um jogo de vale-tudo em que qualquer partido está ameaçado", disse Genoino.
Genoino e os presidentes do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), do PPS, deputado federal Roberto Freire (PE) e o vice-presidente do PSDB, deputado federal Aloysio Nunes Ferreira (SP) firmaram um acordo para assinar pedido de urgência para que o projeto de reforma política comece a ser discutido no plenário da Câmara em março.
O presidente do PSDB, José Serra, foi convidado para o evento, mas disse que não poderia comparecer. Segundo Ferreira, ele embarcaria para o exterior.

Acordo
Os representantes dos cinco partidos, mais o relator da reforma política, deputado federal Ronaldo Caiado (PFL-GO), debateram o tema na sede da Fiesp. "O PT vai lutar para aprovar ainda neste ano a reforma política com o financiamento público exclusivo de campanha", disse Genoino.
Genoino afirmou que apenas uma legislação transparente pode evitar a repetição de episódios como o de Waldomiro Diniz, que aparece em uma fita de vídeo cobrando propina de um empresário do bingo: "Nenhum partido é composto só por freiras e padres".
Para Bornhausen e Caiado, o caso Waldomiro fez com que o PT mudasse sua posição sobre os prazos da matéria. "Semana passada, o presidente Lula havia jogado a reforma política para 2005, agora a crise levou a essa decisão de assinar a urgência, iniciar o debate e permitir a votação", disse o senador. "Só o financiamento público de campanhas pode evitar o aparecimento de figuras que estão se proliferando no Brasil, como os Waldomiros e PCs [Paulo César Farias]", completou Caiado.
Bornhausen disse que o apoio do PT à reforma política não exclui a instalação de uma CPI para investigar o caso Waldomiro Diniz: "Nós precisamos de uma CPI para esclarecer o que fez o sr. Waldomiro a mando do governo dentro do Congresso, fazendo cooptação [de parlamentares] por emendas, por troca de cargos. Isso tem que ficar bem esclarecido", declarou o senador.
O presidente do PT recuou sobre a proposta de senadores de seu partido de investigar campanhas passadas: "Nós não estamos propondo CPI ampla. Nós somos contra a proposta de CPI do senador Antero de Barros (PSDB-MT). Agora, qualquer CPI sobre esse ou aquele assunto de dois ano atrás puxará outros fatos".


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