São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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REFORMA INACABADA

Lula inaugura obra para dar saída "honrosa" a ministro

Adauto deve deixar ministério hoje

Bruno Stuckert/Folha Imagem
O Ministro dos Transportes, Anderson Adauto, em reunião com a bancada do Nordeste na Câmara


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de um longo processo de fritura, que começou antes da reforma ministerial de janeiro, o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, afirmou que deixa hoje o cargo para disputar a Prefeitura de Uberaba (Triângulo Mineiro), seu reduto eleitoral.
O real motivo para a saída do ministro é um conjunto de fatores que inclui acusações de envolvimento em irregularidades, fraco desempenho administrativo -segundo avaliação do Planalto- e perda de apoio em seu próprio partido, o PL.
"A grande obra que o Ministério dos Transportes precisava fazer, da moralidade, você pode ter certeza (...), consegui apresentar", disse o ministro, que sempre negou as acusações de envolvimento em irregularidades. Seu substituto deve ser o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL).
Adauto só não saiu na reforma do mês passado por pressão do vice-presidente José Alencar, avalista de sua ida ao ministério. Alencar queria uma saída honrosa ao apadrinhado, que será simbolizada hoje no Triângulo Mineiro, onde Alencar e o presidente Lula inauguram, como último ato de Adauto no comando do ministério, o asfaltamento em um trecho da BR-262. A viagem presidencial a Uberaba foi arquitetada pelo ministro e seus correligionários como forma de Adauto deixar a pasta "por cima".
Segundo Adauto, o motivo da saída do governo é a disputa eleitoral em Uberaba, que ele já perdeu por duas vezes. O ministro disse que as denúncias contra ele foram fruto de interesses contrariados dentro do ministério, embora não dê detalhes.
Adauto enfrentava desde o início do ano passado acusações de envolvimento com irregularidades quando era deputado estadual em Minas Gerais.
A primeira surgiu ainda nos primeiros dias de sua gestão como ministro e levanta suspeitas sobre ligações suas com empresas e políticos que respondem na Justiça a acusação de terem desviado R$ 4 milhões da prefeitura de Iturama (MG), em 1996.
Ao explicar que não considera a companhia de Lula e Alencar hoje como "prêmio de consolação", Adauto disse que foi ministro por obra de "contingências políticas", "contingências do partido" e exigências de Minas "para maior participação no governo".

Colaborou a Agência Folha

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