São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2005

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HERANÇA MILITAR

Arquivos foram espalhados após queima, diz PF

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A perícia da Polícia Federal concluiu que os documentos da ditadura militar (1964-1985) que apareceram danificados na Base Aérea de Salvador foram queimados em outro local e espalhados depois, "de forma proposital", onde foram encontrados.
"Não foram queimados no lugar em que foram encontrados", diz a PF no resultado do inquérito encaminhado a Brasília e ao Ministério Público. "Do modo como estavam dispostos, não pode ter sido por causas naturais."
A polícia foi um dos órgãos responsáveis pelo inquérito, que tem cerca de 430 páginas.
Em sua conclusão, a polícia especifica que havia documentos colocados cuidadosamente entre arbustos, com o objetivo nítido de serem encontrados. Um dos laudos técnicos informa que a vegetação ao redor dos papéis não apresentava indícios de ter sido atingida por fogo.
O inquérito durou 60 dias, considerados insuficientes para conclusões sobre responsabilidades e motivos. Na quarta-feira, serão anexados os laudos, também da PF, sobre origem e autenticidade.
O mais provável é que o Ministério Público peça diligências. O Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica trabalham com essa possibilidade, já comunicada ao Planalto. A procuradora responsável é Teresa Cristina Baraúna, da 6ª Circunscrição Judiciária Militar, na Bahia.
A informação e as imagens sobre os documentos queimados foram veiculadas pelo programa "Fantástico", da TV Globo.
Depois, a Folha publicou fac-símile de documentos danificados achado no local, citando exemplos de informações coletadas pelos órgãos de informação durante a ditadura e mesmo depois dela.
Além dos documentos queimados, foi encontrada uma sacola a alguns metros deles contendo papéis intactos. Eram de órgãos civis e militares, tanto regionais quanto nacionais, sobre pessoas, grupos e organizações que divergiam do regime, primeiro, ou eram consideradas meramente "esquerdistas" depois de 1985.


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