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HERANÇA MILITAR
Arquivos foram espalhados após queima, diz PF
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A perícia da Polícia Federal concluiu que os documentos da ditadura militar (1964-1985) que apareceram danificados na Base Aérea de Salvador foram queimados
em outro local e espalhados depois, "de forma proposital", onde
foram encontrados.
"Não foram queimados no lugar em que foram encontrados",
diz a PF no resultado do inquérito
encaminhado a Brasília e ao Ministério Público. "Do modo como
estavam dispostos, não pode ter
sido por causas naturais."
A polícia foi um dos órgãos responsáveis pelo inquérito, que tem
cerca de 430 páginas.
Em sua conclusão, a polícia especifica que havia documentos
colocados cuidadosamente entre
arbustos, com o objetivo nítido de
serem encontrados. Um dos laudos técnicos informa que a vegetação ao redor dos papéis não
apresentava indícios de ter sido
atingida por fogo.
O inquérito durou 60 dias, considerados insuficientes para conclusões sobre responsabilidades e
motivos. Na quarta-feira, serão
anexados os laudos, também da
PF, sobre origem e autenticidade.
O mais provável é que o Ministério Público peça diligências. O
Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica trabalham
com essa possibilidade, já comunicada ao Planalto. A procuradora responsável é Teresa Cristina
Baraúna, da 6ª Circunscrição Judiciária Militar, na Bahia.
A informação e as imagens sobre os documentos queimados
foram veiculadas pelo programa
"Fantástico", da TV Globo.
Depois, a Folha publicou fac-símile de documentos danificados
achado no local, citando exemplos de informações coletadas pelos órgãos de informação durante
a ditadura e mesmo depois dela.
Além dos documentos queimados, foi encontrada uma sacola a
alguns metros deles contendo papéis intactos. Eram de órgãos civis
e militares, tanto regionais quanto nacionais, sobre pessoas, grupos e organizações que divergiam
do regime, primeiro, ou eram
consideradas meramente "esquerdistas" depois de 1985.
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