São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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À espera do STF, Octávio desiste de renúncia

Governador interino quer avaliar como ficará sua situação depois de decisões sobre intervenção no DF e prisão de Arruda

Paulo Octávio afirma que pedido do presidente Lula influenciou na decisão de permanecer no cargo, mas é desmentido pelo Planalto


Sérgio Lima/Folha Imagem
Paulo Octávio, governador interino do DF, ontem, durante pronunciamento no Palácio do Buriti

MARIA CLARA CABRAL
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de avisar a aliados, ao secretariado e a integrantes do DEM que renunciaria, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, surpreendeu a todos e anunciou, ontem à tarde, que permanece no cargo para esperar as decisões da Justiça na próxima semana.
Horas depois, a Câmara Legislativa do DF decidiu pela abertura de impeachment contra o governador interino, como já havia feito contra o governador afastado e preso, José Roberto Arruda (sem partido).
Investigado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, Paulo Octávio quer avaliar como fica a sua situação após o STF (Supremo Tribunal Federal) julgar os pedidos de intervenção federal no DF e de liberdade do governador afastado, José Roberto Arruda.
Em entrevista à Folha, Octávio disse que ontem foi o dia "mais difícil da vida", mas que permanecia no cargo por causa dos "apelos". "Não vou negar que preciso urgentemente de apoio. Estou pedindo a Deus, não estou forte, não", afirmou.
Ele alegou ainda que ficaria seguindo as recomendações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu pela manhã. "Apesar de ter a minha carta de renúncia pronta e entregue à deputada Eliana Pedrosa, líder do meu partido na Câmara Legislativa, aguardo mais alguns dias, como me recomendou o presidente."
O Planalto negou o teor da declaração, o que levou o governo do DF a divulgar uma nota de recuo afirmando que "em nenhum momento o presidente fez qualquer sugestão, recomendação ou proferiu qualquer manifestação sobre sua permanência [de Paulo Octávio] ou não no cargo".
No encontro, o presidente disse a Octávio que a renúncia era "uma decisão sua, de foro íntimo". Lula afirmou também que está preparado para tomar "qualquer medida cabível" e fazer o que a Justiça determinar.
As idas e vindas de Paulo Octávio praticamente acabaram com suas chances de sobrevida no DEM. Até aliados que eram contrários a sua expulsão agora avaliam ser inviável a sua permanência no partido. Já prevendo isso, Octávio avisou ontem ao líder da legenda no Senado, José Agripino Maia (RN), que deve deixar o DEM.
Se não abandonar o partido antes, a Executiva do partido deve avaliar em reunião na próxima quarta-feira um pedido de expulsão e de intervenção no diretório do DF.
"Ele não pode permanecer no governo e no partido. Precisamos nos desvencilhar de uma vez por todas dessa crise", disse o deputado ACM Neto (BA). Octávio respondeu: "Isso é lamentável. Nos últimos dias só tenho tido problemas no meu próprio partido".

A renúncia da renúncia
Depois do encontro com Lula, Octávio se reuniu com aliados na sede do governo. Segundo o secretário de Transportes, Alberto Fraga, chegou decidido a deixar o cargo. Teria sido demovido da ideia após ouvir que sua saída poderia facilitar a intervenção federal no DF. Os aliados ponderaram ainda que, caso Arruda seja solto, Octávio deixa de ser o foco de ataques.
Mesmo depois de já ter decidido ficar, Octávio chegou a tratar da renúncia num almoço e avisou aliados de que sairia. "Ele [Paulo Octávio] confirmou uma coisa e fez outra. Depois voltou atrás de novo. Isso é muito ruim", afirmou Fraga.


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