São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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JUSTIÇA
Fraudadora quer dar aulas na prisão
Polícia nega atender pedidos de Jorgina

WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio

A advogada Jorgina Maria de Freitas Fernandes, condenada a 25 anos de prisão por fraudes contra a Previdência, pediu permissão para dar aulas de direito na prisão, para ter um aparelho de som e para colocar persianas na cela da CepTran (Companhia Especial de Polícia de Trânsito) em que está presa.
As reivindicações fazem parte de uma lista de pedidos apresentada ontem por ela ao comandante da unidade, major Antônio Germano, que foi, em sua maioria, rejeitada por ele. O policial explicou que permitirá a entrada apenas de itens essenciais, como medicamentos e artigos de higiene pessoal. As aulas, a aparelhagem e as persianas não foram autorizadas. "Não vou deixar que aquilo se transforme num apart-hotel."
Germano ressaltou que não liberará a entrada de eletrodomésticos no quartel, "a não ser que outra autoridade deixe". Segundo ele, quem der uma permissão desse tipo para Jorgina "vai se desmoralizar". O policial assegurou, porém, que atenderá a todos os pedidos que forem feitos dentro da lei.
Germano riu da reivindicação de Jorgina de dar aulas, segundo ele, para os policiais da CepTran.
"O principal instrutor de um quartel é o seu comandante."
Extraditada da Costa Rica, Jorgina chegou ao Brasil no sábado e foi levada para prisão especial no quartel. Lá, ocupa uma sala de cerca de nove metros quadrados, com cama, armário e banheiro anexo. Sai três vezes por dia, com escolta, para fazer as refeições.
"Como brasileiro, tenho sentimentos em relação a ela, mas tenho que me controlar", afirmou.
O ministro da Justiça, Iris Rezende, disse ontem que a extradição de Jorgina "foi uma dificuldade". Tratando Jorgina como "aquela mulher", o ministro disse que o caso servirá como exemplo para que a comissão que estuda a modernização do Código Penal "acabe com a impunidade".


Colaborou a Sucursal de Brasília


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