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PRIVATIZAÇÃO
Empresa convidou pessoas para fazer elogios a seus serviços
Presidente da Eletrobrás
critica audiência da Light
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O presidente
da Eletrobrás,
Firmino Sampaio, disse ontem que foi
"um erro" a
Light ter usado a
estratégia de levar para a audiência pública feita
anteontem pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) várias pessoas para fazer intervenções elogiosas a ela.
Sampaio disse que sua opinião
era baseada em informações que
ele leu nos jornais. No momento
da audiência, ele estava voltando
da Venezuela, onde foi negociar
compra de energia elétrica.
A audiência, feita para ouvir
queixas contra a Light, teve mais
elogios do que críticas à empresa,
especialmente de líderes de comunidades carentes.
Um carro com cartão de identificação da Light foi visto por jornalistas transportando pessoas que
falaram a favor da empresa. Algumas das pessoas também declararam ter sido convidadas pela Light
a comparecer à audiência.
Sampaio fez críticas duras à política de comunicação da Light e
disse que a empresa não estava sucateada quando foi vendida em
maio de 1996. Antes da privatização, a Light era uma empresa federal controlada pela Eletrobrás.
O estado de sucateamento anterior à privatização vem sendo um
dos principais argumentos da
atual gestão da Light para justificar os problemas enfrentados agora pela empresa.
O presidente da Eletrobrás disse
que a Light precisava de investimentos quando foi vendida. Segundo ele, porém, o relatório da
consultora Trevisan, com o diagnóstico que antecedeu a privatização da empresa, previa investimentos bem menores do que
aqueles que estão sendo necessários agora.
Sampaio justificou a necessidade
de maiores investimentos afirmando que houve um grande
crescimento do consumo de energia elétrica após o Plano Real, um
argumento que também vem sendo utilizado pela direção da Light.
Ele disse também que "os fatores climáticos (calor excessivo) foram preponderantes" para os problemas de abastecimento de energia elétrica do Rio.
Firmino Sampaio não quis fazer
críticas ao processo de privatização da Light conduzido pelo governo.
Para ele, a legislação que existia
na época da venda da empresa
permitia que ela fosse privatizada
com segurança, embora o ideal
fosse que a Aneel já estivesse instalada.
A Aneel só foi instalada em dezembro do ano passado, um ano e
meio após a venda da Light.
A reportagem da Folha procurou a Light, às 18h45, para comentar a entrevista de Sampaio. A empresa pediu tempo e até as 19h20
não havia respondido.
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