São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Empresa convidou pessoas para fazer elogios a seus serviços
Presidente da Eletrobrás critica audiência da Light

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio


O presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio, disse ontem que foi "um erro" a Light ter usado a estratégia de levar para a audiência pública feita anteontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) várias pessoas para fazer intervenções elogiosas a ela.
Sampaio disse que sua opinião era baseada em informações que ele leu nos jornais. No momento da audiência, ele estava voltando da Venezuela, onde foi negociar compra de energia elétrica.
A audiência, feita para ouvir queixas contra a Light, teve mais elogios do que críticas à empresa, especialmente de líderes de comunidades carentes.
Um carro com cartão de identificação da Light foi visto por jornalistas transportando pessoas que falaram a favor da empresa. Algumas das pessoas também declararam ter sido convidadas pela Light a comparecer à audiência.
Sampaio fez críticas duras à política de comunicação da Light e disse que a empresa não estava sucateada quando foi vendida em maio de 1996. Antes da privatização, a Light era uma empresa federal controlada pela Eletrobrás.
O estado de sucateamento anterior à privatização vem sendo um dos principais argumentos da atual gestão da Light para justificar os problemas enfrentados agora pela empresa.
O presidente da Eletrobrás disse que a Light precisava de investimentos quando foi vendida. Segundo ele, porém, o relatório da consultora Trevisan, com o diagnóstico que antecedeu a privatização da empresa, previa investimentos bem menores do que aqueles que estão sendo necessários agora.
Sampaio justificou a necessidade de maiores investimentos afirmando que houve um grande crescimento do consumo de energia elétrica após o Plano Real, um argumento que também vem sendo utilizado pela direção da Light.
Ele disse também que "os fatores climáticos (calor excessivo) foram preponderantes" para os problemas de abastecimento de energia elétrica do Rio.
Firmino Sampaio não quis fazer críticas ao processo de privatização da Light conduzido pelo governo.
Para ele, a legislação que existia na época da venda da empresa permitia que ela fosse privatizada com segurança, embora o ideal fosse que a Aneel já estivesse instalada.
A Aneel só foi instalada em dezembro do ano passado, um ano e meio após a venda da Light.
A reportagem da Folha procurou a Light, às 18h45, para comentar a entrevista de Sampaio. A empresa pediu tempo e até as 19h20 não havia respondido.



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