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PRIVATIZAÇÃO
CVM levanta dúvidas sobre modelo de venda de estatal; secretário pretende resolver a questão hoje
SP admite rever regras para vender Cesp
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
O secretário
de Energia de
São Paulo, Andrea Matarazzo,
admitiu ontem
que o governo
pode mudar, a
pedido da CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), pontos do modelo de privatização da Elektro, empresa que ficará com a área de distribuição de
energia da Cesp (Companhia
Energética de São Paulo).
"Se for necessária qualquer alteração, obviamente ela será feita",
afirmou Matarazzo. Segundo ele, a
CVM tem uma "série de dúvidas"
em relação ao modelo adotado para a privatização da Elektro.
Essas dúvidas estão sendo discutidas entre a CVM e a Cesp. O secretário acredita que hoje haverá
uma solução para o caso. "Vamos
chegar a um entendimento com a
CVM e ver o que vamos fazer."
Matarazzo negou que a CVM tenha determinado a suspensão do
processo de compra de ações da
Elektro pelos acionistas da Cesp,
como chegou a ser divulgado ontem. A opção de compra das ações
é o primeiro passo para a capitalização da Elektro.
Modelo
A principal dúvida da CVM diz
respeito ao modelo adotado para a
criação da Elektro e aos eventuais
prejuízos que ele pode trazer aos
acionistas minoritários da Cesp.
O governo tinha duas alternativas: fazer a cisão da Cesp em várias
empresas ou criar subsidiárias integrais da companhia. A escolha
recaiu sobre a subsidiária integral.
Por esse modelo, os acionistas
da Cesp têm direito de preferência
na compra das ações da nova empresa, antes de sua privatização.
Se todos comprarem ações da
Elektro, a Cesp receberá R$ 528
milhões. Além disso, a empresa
vai transferir para sua nova subsidiária uma dívida de aproximadamente R$ 800 milhões.
A grande crítica a esse modelo é
a de que ele impede a apropriação
integral, pela Cesp, do eventual
ágio (venda acima do preço mínimo fixado para a ação) na privatização da Elektro.
A maior parte do ágio irá para o
governo do Estado, que será o
acionista controlador da Elektro,
com 60,5% das ações ordinárias
(aquelas que têm direito a voto).
Essa seria a origem do prejuízo
para o acionista minoritário.
Cisão inviável
Matarazzo sustenta que esse é o
melhor modelo para a empresa e
seus acionistas. A cisão da Cesp,
diz ele, era inviável por se tratar de
uma companhia com dívida muito grande -R$ 10,5 bilhões.
O secretário acrescenta que a
criação de uma subsidiária permite que parte dos recursos obtidos
com a privatização vá para a Cesp.
Em um primeiro momento, a
empresa receberá o pagamento de
seus acionistas que optarem por
comprar ações da Elektro. Matarazzo diz que a Cesp poderá ainda
receber parte do ágio.
Esse valor será maior quanto
menor for a opção de compra de
ações da Elektro pelos acionistas
da Cesp (caso do Banespa e Nossa
Caixa, por exemplo). As ações que
não forem compradas pelos acionistas ficarão com a Cesp e serão
vendidas pela empresa no leilão.
O governo de São Paulo quer antecipar de maio para março a instalação da Comissão de Serviços
Públicos, órgão que fiscalizará a
atuação das empresas do setor elétrico no Estado. Matarazzo negou
que a antecipação tenha sido provocada pela crise da Light no Rio.
Ontem, ele reuniu-se com a diretoria da Aneel (Agência Nacional
de Energia) para discutir os termos do convênio que permitirá a
transferência de algumas atribuições da agência para a comissão.
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