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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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JANIO DE FREITAS

Medidas de defesa

Tão logo se convenceu de que a solução diplomática para o problema americano/iraquiano se tornava improvável, o governo brasileiro pediu à embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, que transmitisse ao seu governo, e particularmente ao presidente Bush, a quase certa necessidade brasileira de adotar medidas inconvencionais, nas suas relações econômicas com empresas e entidades estrangeiras, em caso de guerra no Iraque.
As prováveis providências foram chamadas de "medidas de defesa", a partir do argumento, exposto à embaixadora, aqui sintetizável na frase, de fato proferida, "os países desenvolvidos vão fazer a guerra, mas os países em desenvolvimento é que vão sofrer as consequências, então precisamos de medidas defensivas".
A iniciativa brasileira, adotada em meado de fevereiro, quis evitar a interpretação, no governo americano, de que as medidas tivessem o sentido de hostilidade aos Estados Unidos, conhecida a posição brasileira contra a precipitação da guerra.
A embaixadora Donna Hrinak tem mantido contato frequente com integrantes do governo fora da área diplomática. Foi o caso em relação à mensagem, exposta como procedente da Presidência.
O gênero de medidas depende, é claro, dos reflexos negativos - se houver - que a guerra lance sobre a economia brasileira. Mas o fato de que o FMI tenha sido destinatário de comunicação equivalente à recebida por Donna Hrinak sugere que, por "medidas de defesa", deve-se entender alterações relativas a compromissos externos e a certas "metas" de política econômica estabelecidas pelo acordo com o Fundo.
Os efeitos negativos, então, talvez não devam levar tal adjetivação.


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