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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Emerson Kapaz e João Dória são entusiastas de Alckmin desde antes de ele virar candidato
Tucano tem pelo menos duas "pontes" com empresariado
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Escolhido candidato do PSDB à
Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, não chegou desprevenido à corrida pelo Palácio do Planalto. Ele conta com pelo menos
dois entusiasmados colaboradores na interlocução com o empresariado. Desde o ano passado, os
empresários Emerson Kapaz e
João Dória Júnior atuam como
ponte entre Alckmin e o meio empresarial.
Na campanha, admitem, prestarão pelo menos uma colaboração informal ao candidato. Secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento do Estado de São
Paulo no governo Covas e hoje
presidente da ETCO (Instituto
Brasileiro de Ética Concorrencial), Kapaz investia em Alckmin
quando o governador ainda hesitava sobre a candidatura.
Em agosto, ofereceu um jantar
para Alckmin e 15 empresários de
peso. À mesa, representantes de
variados setores da economia,
desde os banqueiros Roberto Setúbal (Itaú), Fábio Barbosa (ABN
Amro Real) e Pedro Moreira Salles (Unibanco) até João Pedro
Gouveia Vieira, presidente do
Conselho de Administração do
Grupo Ipiranga.
Também participaram do jantar Horácio Lafer Piva (Klabin),
Jaime Luiz Kalsing (Porto Seguro), Carlos Ribeiro (HP do Brasil),
Victório Demarchi (Ambev) e
João Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo).
Para Kapaz, a insatisfação do setor produtivo com a taxa de juros
e a política monetária podem favorecer a acolhida de Alckmin entre empresários. "Trabalhei com
Alckmin por quatro anos. Conheço a forma de ele gerenciar. Ajudo
e pretendo continuar ajudando
dentro do limite do instituto, que
é apartidário", disse Kapaz, para
quem o "problema de Alckmin na
campanha não será financeiro".
Descrevendo-se como um colaborador informal do governador,
João Dória conta já ter organizado
muitos encontros entre Alckmin
e empresários. O maior deles foi,
em dezembro, quando o governador fez uma palestra para 370 empresários. Presidente da Lide
(Grupo de Líderes Empresariais),
Dória apresentou Alckmin como
"o futuro presidente da República
do Brasil". Numa consulta instantânea, 90% dos participantes do
almoço defenderam a candidatura de Alckmin à Presidência.
Hoje, com o lançamento da candidatura Alckmin, Dória se diz
disposto a manter os canais entre
o candidato e o empresariado e
até a se engajar formalmente na
campanha. Mas não como o responsável direto pelas finanças do
comitê. "Tem de ser uma pessoa
experimentada nos números e
leis, alguém de alto naipe para assumir essa responsabilidade.
Ideal que seja um padre, um seminarista", brinca Dória. Ele diz que,
em meio aos escândalos que abalam o país, todo o processo de arrecadação deve ser transparente.
De Serra para Alckmin
Tucanos apostam na escolha de
João Henrique Lobo, amigo de
Alckmin e hoje chefe-de-gabinete
do prefeito José Serra, para a tarefa. Mas o governador só deverá
montar a estrutura de campanha
a partir da semana que vem.
Certa será a participação do secretário de Ciência e Tecnologia e
Desenvolvimento, João Carlos
Meirelles. No dia 30, ele deixará o
cargo para se dedicar à campanha. Alckmin convidará nomes
de expressão nacional para a elaboração do que Meirelles chama
de "termo de referência para o
projeto nacional".
A idéia é arregimentar tucanos
de todo o país, nacionalizando a
campanha. Cotado para a coordenação da campanha de Alckmin,
Meirelles explica que a formatação do documento começa em
abril, mas, antes de transformado
em programa de governo, será
submetido aos aliados.
Para a área econômica, Alckmin
tem ouvido o ex-secretário Yoshiaki Nakano, o ex-presidente do
Banco Central Armínio Fraga e
Raul Velloso.
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