São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Emerson Kapaz e João Dória são entusiastas de Alckmin desde antes de ele virar candidato

Tucano tem pelo menos duas "pontes" com empresariado

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Escolhido candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não chegou desprevenido à corrida pelo Palácio do Planalto. Ele conta com pelo menos dois entusiasmados colaboradores na interlocução com o empresariado. Desde o ano passado, os empresários Emerson Kapaz e João Dória Júnior atuam como ponte entre Alckmin e o meio empresarial.
Na campanha, admitem, prestarão pelo menos uma colaboração informal ao candidato. Secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento do Estado de São Paulo no governo Covas e hoje presidente da ETCO (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial), Kapaz investia em Alckmin quando o governador ainda hesitava sobre a candidatura.
Em agosto, ofereceu um jantar para Alckmin e 15 empresários de peso. À mesa, representantes de variados setores da economia, desde os banqueiros Roberto Setúbal (Itaú), Fábio Barbosa (ABN Amro Real) e Pedro Moreira Salles (Unibanco) até João Pedro Gouveia Vieira, presidente do Conselho de Administração do Grupo Ipiranga.
Também participaram do jantar Horácio Lafer Piva (Klabin), Jaime Luiz Kalsing (Porto Seguro), Carlos Ribeiro (HP do Brasil), Victório Demarchi (Ambev) e João Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo).
Para Kapaz, a insatisfação do setor produtivo com a taxa de juros e a política monetária podem favorecer a acolhida de Alckmin entre empresários. "Trabalhei com Alckmin por quatro anos. Conheço a forma de ele gerenciar. Ajudo e pretendo continuar ajudando dentro do limite do instituto, que é apartidário", disse Kapaz, para quem o "problema de Alckmin na campanha não será financeiro".
Descrevendo-se como um colaborador informal do governador, João Dória conta já ter organizado muitos encontros entre Alckmin e empresários. O maior deles foi, em dezembro, quando o governador fez uma palestra para 370 empresários. Presidente da Lide (Grupo de Líderes Empresariais), Dória apresentou Alckmin como "o futuro presidente da República do Brasil". Numa consulta instantânea, 90% dos participantes do almoço defenderam a candidatura de Alckmin à Presidência.
Hoje, com o lançamento da candidatura Alckmin, Dória se diz disposto a manter os canais entre o candidato e o empresariado e até a se engajar formalmente na campanha. Mas não como o responsável direto pelas finanças do comitê. "Tem de ser uma pessoa experimentada nos números e leis, alguém de alto naipe para assumir essa responsabilidade. Ideal que seja um padre, um seminarista", brinca Dória. Ele diz que, em meio aos escândalos que abalam o país, todo o processo de arrecadação deve ser transparente.

De Serra para Alckmin
Tucanos apostam na escolha de João Henrique Lobo, amigo de Alckmin e hoje chefe-de-gabinete do prefeito José Serra, para a tarefa. Mas o governador só deverá montar a estrutura de campanha a partir da semana que vem.
Certa será a participação do secretário de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento, João Carlos Meirelles. No dia 30, ele deixará o cargo para se dedicar à campanha. Alckmin convidará nomes de expressão nacional para a elaboração do que Meirelles chama de "termo de referência para o projeto nacional".
A idéia é arregimentar tucanos de todo o país, nacionalizando a campanha. Cotado para a coordenação da campanha de Alckmin, Meirelles explica que a formatação do documento começa em abril, mas, antes de transformado em programa de governo, será submetido aos aliados.
Para a área econômica, Alckmin tem ouvido o ex-secretário Yoshiaki Nakano, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e Raul Velloso.


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