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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS
Senadores acusam petistas de devassar contas de Francenildo, que contradisse Palocci, e cobram explicações da Caixa Econômica Federal
Para oposição, governo abriu sigilo de caseiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores da oposição acusam
o governo de estar por trás da
quebra ilegal do sigilo bancário
do caseiro Francenildo dos Santos
Costa, que diz ter testemunhado o
constante contato do ministro
Antonio Palocci, já no comando
da Fazenda, com seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto, o que Palocci sempre negou.
Para Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), Álvaro Dias (PSDB-PR) e o presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), o
governo se faz valer de todos os
meios para proteger o sigilo de
seus pares, como o presidente do
Sebrae, Paulo Okamotto. Mas não
se furtou de usar formas "torpes"
para "violar a privacidade de um
cidadão". O caseiro recebeu
R$ 25 mil em uma conta pessoal
na Caixa Econômica Federal desde janeiro deste ano.
"É um crime. Não houve nenhuma solicitação judicial de
quebra de sigilo bancário [do caseiro]. Houve uma afronta dos direitos individuais do cidadão",
disse Álvaro Dias. "A Caixa fica
sob suspeição por se colocar a serviço do PT", disse. "Eles [petistas], que queriam tanto preservar
a privacidade do Palocci, colocaram para todo o país um segredo
da intimidade familiar do caseiro", completou o senador tucano.
Para o pefelista ACM, a forma
como o PT tem agido prejudica
ainda mais a posição de Palocci. O
senador lembrou que, na última
quarta-feira, o senador Tião Viana (PT-AC) obteve liminar no
STF (Supremo Tribunal Federal)
suspendendo o depoimento do
caseiro à CPI dos Bingos.
"Tudo tem de ser apurado rapidamente. Não podemos deixar
que um testemunho tão importante quanto o do caseiro Nildo
seja desqualificado", disse o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN),
relator da CPI dos Bingos.
"Enquanto Okamotto não tem
o seu sigilo bancário quebrado,
quando a CPI pede legalmente a
quebra do sigilo, o governo abre
as contas de um pobre homem.
São contradições violentas e que
mostram que aqueles que têm poder junto a Lula são invioláveis,
mas os que não estão com Lula
são devassados da maneira mais
torpe possível pelo próprio governo", afirmou ACM.
Okamotto disse ter pago uma
dívida de Lula entre o final de
2002 e o começo de 2003, mas não
apresentou comprovantes.
Para Efraim Morais, a divulgação dos dados bancários do caseiro foi um "abuso da Caixa". Ele
disse que o presidente da CEF,
Jorge Mattoso, tem de explicar na
Justiça quem e como quebrou o
sigilo do caseiro.
"Cabe à Justiça, com a mesma
agilidade que concedeu as liminares para impedir a quebra do sigilo do Okamotto e a suspensão do
depoimento do caseiro, intimar o
presidente da Caixa a se explicar",
afirmou o presidente da CPI.
A CEF informou que, confirmada a quebra ilegal do sigilo, irá investigar o caso.
(LEONARDO SOUZA)
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