São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS

Senadores acusam petistas de devassar contas de Francenildo, que contradisse Palocci, e cobram explicações da Caixa Econômica Federal

Para oposição, governo abriu sigilo de caseiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores da oposição acusam o governo de estar por trás da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que diz ter testemunhado o constante contato do ministro Antonio Palocci, já no comando da Fazenda, com seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto, o que Palocci sempre negou.
Para Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Álvaro Dias (PSDB-PR) e o presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), o governo se faz valer de todos os meios para proteger o sigilo de seus pares, como o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Mas não se furtou de usar formas "torpes" para "violar a privacidade de um cidadão". O caseiro recebeu R$ 25 mil em uma conta pessoal na Caixa Econômica Federal desde janeiro deste ano.
"É um crime. Não houve nenhuma solicitação judicial de quebra de sigilo bancário [do caseiro]. Houve uma afronta dos direitos individuais do cidadão", disse Álvaro Dias. "A Caixa fica sob suspeição por se colocar a serviço do PT", disse. "Eles [petistas], que queriam tanto preservar a privacidade do Palocci, colocaram para todo o país um segredo da intimidade familiar do caseiro", completou o senador tucano.
Para o pefelista ACM, a forma como o PT tem agido prejudica ainda mais a posição de Palocci. O senador lembrou que, na última quarta-feira, o senador Tião Viana (PT-AC) obteve liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) suspendendo o depoimento do caseiro à CPI dos Bingos.
"Tudo tem de ser apurado rapidamente. Não podemos deixar que um testemunho tão importante quanto o do caseiro Nildo seja desqualificado", disse o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), relator da CPI dos Bingos.
"Enquanto Okamotto não tem o seu sigilo bancário quebrado, quando a CPI pede legalmente a quebra do sigilo, o governo abre as contas de um pobre homem. São contradições violentas e que mostram que aqueles que têm poder junto a Lula são invioláveis, mas os que não estão com Lula são devassados da maneira mais torpe possível pelo próprio governo", afirmou ACM.
Okamotto disse ter pago uma dívida de Lula entre o final de 2002 e o começo de 2003, mas não apresentou comprovantes.
Para Efraim Morais, a divulgação dos dados bancários do caseiro foi um "abuso da Caixa". Ele disse que o presidente da CEF, Jorge Mattoso, tem de explicar na Justiça quem e como quebrou o sigilo do caseiro.
"Cabe à Justiça, com a mesma agilidade que concedeu as liminares para impedir a quebra do sigilo do Okamotto e a suspensão do depoimento do caseiro, intimar o presidente da Caixa a se explicar", afirmou o presidente da CPI.
A CEF informou que, confirmada a quebra ilegal do sigilo, irá investigar o caso. (LEONARDO SOUZA)


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