São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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PT poupa Palocci e levanta dúvida sobre denúncias

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT cumpriu o roteiro ditado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demonstrou unidade na defesa do ministro Antonio Palocci. Até mesmo a esquerda do partido, sempre crítica à política econômica, fechou posição em defesa de Palocci no encontro do Diretório Nacional do PT, neste fim de semana em São Paulo.
Num sinal de afinação do discurso, os petistas preferiram levantar dúvidas sobre as intenções do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que, nesta semana, no curto depoimento que prestou à CPI dos Bingos, voltou a confirmar que viu Palocci na casa alugada por petistas de Ribeirão Preto e utilizada para festas e reuniões com empresários.
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), chegou a associar as declarações do caseiro a "tentativa de golpe". "Se tiver confirmação de pagamento e vinculação a partido de oposição é algo semelhante a uma tentativa de golpe."
Embora os petistas tenham condenado a divulgação de dados bancários do caseiro, muitos deixaram transparecer que a oposição está provando de seu próprio veneno. "Qualquer coisa que fira a lei deve ser deplorada, e foram muitas as vezes que isso aconteceu nesses nove meses, com vazamentos ilegais sobre membros do governo", disse o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci.
Outro que adotou tom semelhante ao de Dulci foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "Fica a palavra de um contra o outro, mas agora há informações de que ele teria recebido dinheiro. Precisa esclarecer isso." Disse aos petistas que o governo está adotando medidas para que a taxa de juros caia mais rapidamente.
A preocupação dos integrantes do partido, ontem, era empenhar solidariedade a Palocci e tentar vincular as denúncias à eleições. "Todo comportamento da oposição é flagrantemente eleitoral", disse Dulci. A expectativa no partido é que novas acusações não terão impacto político. "Os brasileiros estão saturados da manipulação política e eleitoral deste processo de investigação."
A resolução aprovada pelo PT na reunião não cita nominalmente Palocci, mas diz que a oposição retomou "a fúria denuncista". Para se contrapor aos ataques, o documento defende "a imediata instalação da CPI das Privatizações".
No texto, o PT aborda a indicação de Geraldo Alckmin como candidato tucano e diz que "a escolha mostrou um PSDB dividido, com decisões centralizadas numa pequena cúpula".
O secretário-geral do PT, Raul Pont, saiu em defesa de Palocci. "Esta questão [a eventual saída do ministro] é irrelevante." Para Pont, "essas acusações podem ter provocado desgaste, mas não atingem o ministro". Até Markus Sokol, da corrente trotskista O Trabalho, mais à esquerda do PT, mostrou-se solidário a Palocci. "Defendo a demissão da política econômica, mas não do Palocci."


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