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PT poupa Palocci e levanta dúvida sobre denúncias
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT cumpriu o roteiro ditado
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e demonstrou unidade na
defesa do ministro Antonio Palocci. Até mesmo a esquerda do
partido, sempre crítica à política
econômica, fechou posição em
defesa de Palocci no encontro do
Diretório Nacional do PT, neste
fim de semana em São Paulo.
Num sinal de afinação do discurso, os petistas preferiram levantar dúvidas sobre as intenções
do caseiro Francenildo dos Santos
Costa, que, nesta semana, no curto depoimento que prestou à CPI
dos Bingos, voltou a confirmar
que viu Palocci na casa alugada
por petistas de Ribeirão Preto e
utilizada para festas e reuniões
com empresários.
A líder do PT no Senado, Ideli
Salvatti (SC), chegou a associar as
declarações do caseiro a "tentativa de golpe". "Se tiver confirmação de pagamento e vinculação a
partido de oposição é algo semelhante a uma tentativa de golpe."
Embora os petistas tenham condenado a divulgação de dados
bancários do caseiro, muitos deixaram transparecer que a oposição está provando de seu próprio
veneno. "Qualquer coisa que fira
a lei deve ser deplorada, e foram
muitas as vezes que isso aconteceu nesses nove meses, com vazamentos ilegais sobre membros do
governo", disse o secretário-geral
da Presidência, Luiz Dulci.
Outro que adotou tom semelhante ao de Dulci foi o ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo. "Fica a palavra de um contra o
outro, mas agora há informações
de que ele teria recebido dinheiro.
Precisa esclarecer isso." Disse aos
petistas que o governo está adotando medidas para que a taxa de
juros caia mais rapidamente.
A preocupação dos integrantes
do partido, ontem, era empenhar
solidariedade a Palocci e tentar
vincular as denúncias à eleições.
"Todo comportamento da oposição é flagrantemente eleitoral",
disse Dulci. A expectativa no partido é que novas acusações não terão impacto político. "Os brasileiros estão saturados da manipulação política e eleitoral deste processo de investigação."
A resolução aprovada pelo PT
na reunião não cita nominalmente Palocci, mas diz que a oposição
retomou "a fúria denuncista". Para se contrapor aos ataques, o documento defende "a imediata instalação da CPI das Privatizações".
No texto, o PT aborda a indicação de Geraldo Alckmin como
candidato tucano e diz que "a escolha mostrou um PSDB dividido, com decisões centralizadas
numa pequena cúpula".
O secretário-geral do PT, Raul
Pont, saiu em defesa de Palocci.
"Esta questão [a eventual saída do
ministro] é irrelevante." Para
Pont, "essas acusações podem ter
provocado desgaste, mas não
atingem o ministro". Até Markus
Sokol, da corrente trotskista O
Trabalho, mais à esquerda do PT,
mostrou-se solidário a Palocci.
"Defendo a demissão da política
econômica, mas não do Palocci."
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