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"MENSALÃO"/ O GRANDE AMIGO
Paulo de Tarso Venceslau afirma que, em 1994, gastos de filha
do presidente foram cobertos pelo ex-tesoureiro do PT, que nega
Ex-militante volta a ligar Lula a Okamotto
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-militante petista Paulo de
Tarso Venceslau, que foi convocado pela CPI dos Correios para
uma acareação com Paulo Okamotto, afirma que o ex-tesoureiro
do PT e presidente do Sebrae paga
contas pessoais da família de Luiz
Inácio Lula da Silva desde a campanha de 1994.
Venceslau se converteu num
dos maiores adversários do PT há
13 anos, quando acusou o partido
de ter organizado um esquema de
arrecadação de dinheiro de empresas contratadas em prefeituras
petistas para fazer um caixa dois.
"Muita coisa que surgiu agora
eu já sabia", diz o economista.
Um episódio de que Venceslau
diz se recordar, porém sem detalhes, envolve a filha mais velha do
presidente, Lurian Cordeiro Lula
da Silva.
Venceslau afirma que, na eleição de Lula em 1994 para presidente da República, chegou ao comitê a notícia de que Lurian teria
saído de uma loja "na rua Augusta
ou num shopping" sem pagar.
"O Okamotto saiu correndo para pagar, ele tinha de tapar o buraco deixado por Lurian e evitar que
a história vazasse", afirmou.
Okamotto afirmou que o episódio narrado por Venceslau é
"mais uma mentira deslavada e
sem qualquer comprovação" do
ex-petista. Disse que isso nunca
ocorreu. Procurada pela Folha,
Lurian informou que não concede entrevista.
Episódios recentes deram conta
da intervenção de Okamotto em
temas financeiros da família Lula.
Com recursos próprios, ele disse
que pagou R$ 29,4 mil de uma dívida do presidente Lula, em 2003.
Um ano antes, quitou um débito
de R$ 26 mil de Lurian -situação
esta que ele diz ser falsa.
Frente a frente
Venceslau afirmou que, na acareação, que ainda não tem data
definida, irá questionar Okamotto sobre o suposto interesse dele
em defender a empresa Cpem
(Consultoria para Empresas e
Municípios), nos anos 90.
O economista disse que, à época, após ter alertado vários secretários de finanças do PT sobre a
atuação irregular da empresa, levou uma "bronca" de Okamotto,
que lhe teria dito que a Cpem financiava atividades do partido.
O esquema de caixa dois nas
prefeituras petistas ainda envolveria Roberto Teixeira, compadre
de Lula.
Okamotto sempre negou ter feito qualquer pressão para que prefeituras do PT contratassem a
Cpem e disse que a versão do ex-colega era "delírio".
Para Venceslau, a situação de
Okamotto não é a mesma de há 13
anos. "Tenho a absoluta convicção de que a verdade vai prevalecer sobre a mentira, por mais
blindada que a mentira esteja. Esse pessoal está contando mentira
há mais de dez anos. Desta vez,
parece que pegaram o fio da meada", afirmou Venceslau.
Questionado se iria à acareação,
o presidente do Sebrae se limitou
a dizer que as CPIs "fazem parte
do processo democrático".
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