São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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"MENSALÃO"/ O GRANDE AMIGO

Paulo de Tarso Venceslau afirma que, em 1994, gastos de filha do presidente foram cobertos pelo ex-tesoureiro do PT, que nega

Ex-militante volta a ligar Lula a Okamotto

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau, que foi convocado pela CPI dos Correios para uma acareação com Paulo Okamotto, afirma que o ex-tesoureiro do PT e presidente do Sebrae paga contas pessoais da família de Luiz Inácio Lula da Silva desde a campanha de 1994.
Venceslau se converteu num dos maiores adversários do PT há 13 anos, quando acusou o partido de ter organizado um esquema de arrecadação de dinheiro de empresas contratadas em prefeituras petistas para fazer um caixa dois.
"Muita coisa que surgiu agora eu já sabia", diz o economista. Um episódio de que Venceslau diz se recordar, porém sem detalhes, envolve a filha mais velha do presidente, Lurian Cordeiro Lula da Silva.
Venceslau afirma que, na eleição de Lula em 1994 para presidente da República, chegou ao comitê a notícia de que Lurian teria saído de uma loja "na rua Augusta ou num shopping" sem pagar.
"O Okamotto saiu correndo para pagar, ele tinha de tapar o buraco deixado por Lurian e evitar que a história vazasse", afirmou.
Okamotto afirmou que o episódio narrado por Venceslau é "mais uma mentira deslavada e sem qualquer comprovação" do ex-petista. Disse que isso nunca ocorreu. Procurada pela Folha, Lurian informou que não concede entrevista.
Episódios recentes deram conta da intervenção de Okamotto em temas financeiros da família Lula. Com recursos próprios, ele disse que pagou R$ 29,4 mil de uma dívida do presidente Lula, em 2003. Um ano antes, quitou um débito de R$ 26 mil de Lurian -situação esta que ele diz ser falsa.

Frente a frente
Venceslau afirmou que, na acareação, que ainda não tem data definida, irá questionar Okamotto sobre o suposto interesse dele em defender a empresa Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios), nos anos 90.
O economista disse que, à época, após ter alertado vários secretários de finanças do PT sobre a atuação irregular da empresa, levou uma "bronca" de Okamotto, que lhe teria dito que a Cpem financiava atividades do partido.
O esquema de caixa dois nas prefeituras petistas ainda envolveria Roberto Teixeira, compadre de Lula.
Okamotto sempre negou ter feito qualquer pressão para que prefeituras do PT contratassem a Cpem e disse que a versão do ex-colega era "delírio".
Para Venceslau, a situação de Okamotto não é a mesma de há 13 anos. "Tenho a absoluta convicção de que a verdade vai prevalecer sobre a mentira, por mais blindada que a mentira esteja. Esse pessoal está contando mentira há mais de dez anos. Desta vez, parece que pegaram o fio da meada", afirmou Venceslau.
Questionado se iria à acareação, o presidente do Sebrae se limitou a dizer que as CPIs "fazem parte do processo democrático".


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