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PMDB agora exigirá assento permanente em fórum do governo
Partido quer integrar coordenação que se reúne com Lula para definir a condução política e econômica do Planalto
Cúpula do partido assumirá como "bandeira irreversível" ideia de Michel Temer de reinterpretar artigo que trata da tramitação de MPs
RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco mais de um mês e
meio depois de conquistar o comando do Congresso, o PMDB
vai exigir agora assento permanente na coordenação de governo, fórum de ministros que
se reúne quase todas as segundas-feiras com o presidente Lula para definir a condução política e econômica do Planalto.
A nova ofensiva -o PMDB
possui seis ministérios e diversos cargos federais- foi decidida em jantar na casa do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que terminou
na madrugada de ontem.
Além de Temer, estavam presentes o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), três
dos seis ministros peemedebistas e líderes da legenda no Congresso, como o senador Renan
Calheiros (AL). No encontro,
houve apoio à decisão de Temer de reinterpretar o artigo
constitucional que hoje dá
prioridade, na tramitação do
Congresso, às medidas provisórias. Segundo relatos, a cúpula
do PMDB assumirá a ideia como "bandeira irreversível".
O ministro Nelson Jobim
(Defesa), que já presidiu o STF
(Supremo Tribunal Federal),
teria elogiado a atitude de Temer, afirmando que ela é benéfica ao país e ao Legislativo.
A oposição (DEM, PSDB e
PPS) ingressou ontem no STF
com mandado de segurança
contra a medida, argumentando que ela é inconstitucional.
Reservadamente, integrantes
do PT fizeram críticas, argumentando que deveriam ter sido consultados e que a medida
dá muito poder ao PMDB.
Em visita ao Congresso, o ministro José Múcio (Relações
Institucionais) também manifestou descontentamento. "É
uma mudança muito grande
sobre um tema que prevalece
há anos. É necessário um debate mais aprofundado, vejo isso
com preocupação".
A interpretação de Temer retira poder do governo (que edita as MPs) e abre espaço para
priorizar a votação de outros
projetos. O líder do governo na
Câmara, Henrique Fontana
(PT-RS), se reuniria ainda na
noite de ontem com Lula para
tratar do assunto.
A reivindicação de assento na
coordenação do governo Lula
surgiu quando Jobim defendia,
no jantar, uma maior unidade
entre ações de ministros e congressistas peemedebistas.
"Essa é a reunião onde nascem as ideias. É um espaço
muito importante para que o
PMDB possa contribuir mais
com o governo", afirmou Henrique Eduardo Alves (RN), líder
do partido na Câmara. "O que
todos dissemos [no jantar] é
que o PMDB precisa conversar
mais politicamente com o governo. Não adianta só ter ministros, a presidência do Congresso, e não ter esse diálogo",
reforçou Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado.
Hoje a coordenação de governo de Lula conta com a participação fixa de dez integrantes, sendo seis do PT, um do
PRB, um do PTB e dois sem
partido. Os nomes para ocupar
a "cadeira peemedebista" na
coordenação são os de Jobim e
de Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Ainda segundo os relatos, Jobim afirmou que os congressistas têm que assumir a defesa
das principais demandas dos
ministros do partido. "A ideia é
converter a atuação do ministro em atuação de partido", disse Eliseu Padilha, presidente da
Fundação Ulysses Guimarães.
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