São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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PMDB agora exigirá assento permanente em fórum do governo

Partido quer integrar coordenação que se reúne com Lula para definir a condução política e econômica do Planalto

Cúpula do partido assumirá como "bandeira irreversível" ideia de Michel Temer de reinterpretar artigo que trata da tramitação de MPs

RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pouco mais de um mês e meio depois de conquistar o comando do Congresso, o PMDB vai exigir agora assento permanente na coordenação de governo, fórum de ministros que se reúne quase todas as segundas-feiras com o presidente Lula para definir a condução política e econômica do Planalto.
A nova ofensiva -o PMDB possui seis ministérios e diversos cargos federais- foi decidida em jantar na casa do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que terminou na madrugada de ontem.
Além de Temer, estavam presentes o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), três dos seis ministros peemedebistas e líderes da legenda no Congresso, como o senador Renan Calheiros (AL). No encontro, houve apoio à decisão de Temer de reinterpretar o artigo constitucional que hoje dá prioridade, na tramitação do Congresso, às medidas provisórias. Segundo relatos, a cúpula do PMDB assumirá a ideia como "bandeira irreversível".
O ministro Nelson Jobim (Defesa), que já presidiu o STF (Supremo Tribunal Federal), teria elogiado a atitude de Temer, afirmando que ela é benéfica ao país e ao Legislativo.
A oposição (DEM, PSDB e PPS) ingressou ontem no STF com mandado de segurança contra a medida, argumentando que ela é inconstitucional. Reservadamente, integrantes do PT fizeram críticas, argumentando que deveriam ter sido consultados e que a medida dá muito poder ao PMDB.
Em visita ao Congresso, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) também manifestou descontentamento. "É uma mudança muito grande sobre um tema que prevalece há anos. É necessário um debate mais aprofundado, vejo isso com preocupação".
A interpretação de Temer retira poder do governo (que edita as MPs) e abre espaço para priorizar a votação de outros projetos. O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), se reuniria ainda na noite de ontem com Lula para tratar do assunto.
A reivindicação de assento na coordenação do governo Lula surgiu quando Jobim defendia, no jantar, uma maior unidade entre ações de ministros e congressistas peemedebistas.
"Essa é a reunião onde nascem as ideias. É um espaço muito importante para que o PMDB possa contribuir mais com o governo", afirmou Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara. "O que todos dissemos [no jantar] é que o PMDB precisa conversar mais politicamente com o governo. Não adianta só ter ministros, a presidência do Congresso, e não ter esse diálogo", reforçou Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado.
Hoje a coordenação de governo de Lula conta com a participação fixa de dez integrantes, sendo seis do PT, um do PRB, um do PTB e dois sem partido. Os nomes para ocupar a "cadeira peemedebista" na coordenação são os de Jobim e de Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Ainda segundo os relatos, Jobim afirmou que os congressistas têm que assumir a defesa das principais demandas dos ministros do partido. "A ideia é converter a atuação do ministro em atuação de partido", disse Eliseu Padilha, presidente da Fundação Ulysses Guimarães.


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