|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALIADOS EM CRISE
Regina Borges diz que medida comprovaria que recebeu telefonema de ACM no dia da cassação de Estevão
Envolvida sugere quebra de seu sigilo telefônico
KENNEDY ALENCAR
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Regina Célia Peres Borges, ex-diretora do Prodasen, disse à comissão de inquérito que investigou a violação do painel da Casa
que poderá provar que o então
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), telefonou-lhe na noite de 28 de junho
do ano passado "agradecendo pela lista" dos votos secretos da cassação de Luiz Estevão.
Segundo a Folha apurou, Regina sugeriu a quebra de seu sigilo
telefônico durante o depoimento,
quando membros da comissão
classificaram de ""grave" a declaração de que havia recebido o telefonema de ACM. A Comissão
de Ética do Senado pretende pedir
a quebra do sigilo.
Ativa militante do PSDB, ao
qual é filiada desde janeiro de
1994, Regina foi uma das coordenadoras da campanha da deputada Maria Abadia (PSDB-DF) ao
governo do Distrito Federal. Cuidava de toda a parte relativa ao
processamento de dados -sua
especialidade- e à mala-direta.
Foi no ninho tucano que aproximou-se de José Roberto Arruda
(PSDB-DF). E teve a ajuda dele na
sua segunda nomeação para a diretoria do Prodasen, em 1997. A
primeira foi em 1991.
Com capacidade técnica reconhecida pelos colegas, Regina encabeçava a tradicional lista tríplice, elaborada pelos funcionários
da autarquia, com os nomes mais
votados para ocupar o cargo. O
apoio político de Arruda surgiu
como o empurrão que faltava.
Ainda filiada ao PSDB, Regina
hoje é uma militante discreta. Casada com Ivar, não exibe o sobrenome do companheiro -Alves
Ferreira. Optou por manter o do
ex-marido, Paulo Fernando Pimentel Borges, primo do governador da Bahia, o pefelista Cesar
Borges, afilhado político de ACM.
Funcionários do Prodasen desde 1975, Regina e Ivar hoje não
têm mais cargos comissionados
na autarquia. O casal, que não respondeu às ligações da Folha ontem, vive em uma ampla casa no
Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
No segundo depoimento que
prestou sobre o caso, a ex-diretora do Prodasen (Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado) relatou que o líder
do governo no Senado, José Roberto Arruda, disse que a ordem
para quebrar o sigilo do painel
eletrônico partira de ACM. Regina contou que "recebeu uma ligação do senador Arruda". Ele lhe
pediu que fosse à sua casa. Era na
véspera da cassação, dia 27 de junho de 2000.
No encontro, segundo Regina,
Arruda invocou o nome de Antonio Carlos Magalhães. Disse que
"o presidente do Senado pedira
que a procurasse, determinando
que ela obtivesse, no sistema de
votação eletrônica do Senado, o
resultado da votação da cassação
do senador Luiz Estevão".
Regina revelou que, após obter
cópia da lista, a entregou a um assessor de Arruda, Domingos Lamoglia, no dia cassação e que, na
noite da mesma data, o senador
pefelista lhe telefonou. ACM, Arruda e Lamoglia negam.
Laudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) confirmou que foi extraída dos computadores do Senado em 28 de junho de 2000, o dia da cassação, a
lista com os votos de todos congressistas. O trabalho da Unicamp, que reconstitui o caminho
da fraude, chegou à senha do
"usuário número 9". Funcionário
do Prodasen, ele se chama Heitor
Ledur. Ouvido pela comissão,
confessou ter participado da operação e revelou que cumpriu ordens de Regina.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Ex-diretora do Prodasen vai depor hoje Índice
|