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ALIADOS EM CRISE
"Não há dúvida de que o senador falou a palavra lista", diz Ricardo Molina no Conselho de Ética
Ex-diretora do Prodasen vai depor hoje
Beto Barata/Folha Imagem
O foneticista Ricardo Molina (à esquerda) presta depoimento aos integrantes do Conselho de Ética no Senado Federal, em Brasília
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética do Senado
aprovou ontem o convite para
que Regina Célia Borges, ex-diretora do Prodasen, deponha hoje
às 14h30. Regina Célia responsabilizou os senadores José Roberto
Arruda (PSDB-DF) e Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) pela
violação do sigilo do painel eletrônico do Senado. Os dois negam.
Foi aprovado requerimento do
relator do conselho, senador Saturnino Braga (PSB-RJ), para que
sejam ouvidos também, em datas
a serem marcadas, os funcionários Ivar Alves Ferreira, Heitor Ledur, Hermilo Gomes de Nóbrega
e Domingos Lamoglia Dias.
Lamoglia Dias, que é assessor
do senador José Roberto Arruda,
deve depor hoje diante do corregedor do Senado, Romeu Tuma
(PFL-SP). Também deve ser ouvido Sebastião Gazola, da empresa
Panavídeo, citado nos depoimentos como envolvido na fraude.
A corregedoria atua paralelamente ao Conselho de Ética, como auxiliar das investigações. O
presidente do conselho, senador
Ramez Tebet (PMDB-MS), reclamou ontem da sobreposição de
atribuições dos dois órgãos.
Além desse problema, o Conselho de Ética terá de enfrentar as limitações de poderes. O conselho
não pode quebrar sigilos telefônico, bancário e fiscal nem convocar senadores e funcionários para
depor: só pode fazer convites.
Tuma afirmou que irá estudar
uma forma jurídica de pedir a
quebra do sigilo telefônico de Regina Borges para comprovar se
ela recebeu telefonema de ACM
após a cassação de Luiz Estevão.
Nem o conselho nem a corregedoria têm poder para fazer acareação entre servidores e senadores, como Tuma quer. A maior
prerrogativa do conselho é propor a punição em caso de quebra
de decoro parlamentar. O regimento prevê três possibilidades:
advertência, suspensão temporária e cassação do mandato.
Molina
O foneticista da Unicamp Ricardo Molina disse ontem que a
análise da fita com a conversa do
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) com três procuradores da República deixa clara a
menção a uma lista com os votos
dos senadores na sessão que cassou o mandato de Luiz Estevão.
"Não há dúvida de que o senador falou a palavra lista", disse
Molina, que depôs ontem pela
terceira vez no Conselho de Ética
e apresentou uma versão mais depurada da conversa de ACM com
os procuradores em fevereiro.
"Gente da maior qualidade votou nele (Luiz Estevão)", diz
ACM, no trecho divulgado ontem. "Lemos a lista. Heloísa Helena votou nele (duas palavras
inaudíveis). Eu tenho todos que
votaram nele", diz o senador,
mais adiante. ACM também diz:
"Renan que tratou disso", ainda
em relação ao suposto voto de
Heloísa Helena contra a cassação.
Segundo Molina, a fita com a
conversa está em seu "limite crítico" e é difícil avançar na transcrição dos diálogos. A fita estava
inaudível, mas, segundo o perito,
após a utilização de ""novos processos digitais de filtragem" foi
possível detectar trechos.
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