São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001

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Mais 4 deputados assinam pedido da CPI da corrupção

DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da pressão em sentido contrário desencadeada pelo Palácio do Planalto, a oposição conseguiu ontem mais quatro adesões na Câmara à CPI da corrupção. Assinaram o requerimento para abertura da CPI os deputados Hélio Costa (PMDB-MG), José de Abreu (PTN-SP), Josué Bengtson (PTB-PA) e Paulo Marinho (PFL-MA).
Faltam agora apenas 20 assinaturas para que seja atingido o número exigido (171). Os evangélicos seguidores da Igreja Universal do Reino de Deus prometeram dar mais nove assinaturas à CPI na próxima terça-feira.
O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), afirmou ter em mãos seis ofícios de deputados pedindo a retirada das assinaturas, mas o único divulgado foi o do deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), porque foi protocolado na Mesa da Câmara. "A situação está sob controle", afirmou Madeira.
Biolchi (PMDB-RS) argumentou em seu pedido que assinou "equivocadamente", pois não tem "interesse algum na instalação dessa CPI por considerá-la desnecessária".
Biolchi usou a tese do governo para justificar o recuo: "O PT está fazendo muita tribuna [política"". O deputado conseguiu negociar a inclusão de dois projetos de seu interesse na pauta de votações da Câmara, mas nega que o fato tenha influenciado na decisão.

Mapeamento
A operação abafa do governo inclui um mapeamento dos deputados da base. Com os dados em mãos, os ministros são escalados para pressionar os congressistas.
Os ministros Francisco Dornelles (Trabalho) e Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), por exemplo, têm telefonado a vários deputados.
Os líderes governistas negam que estejam barganhando a retirada de assinaturas. "O governo está pedindo para retirar, mas não está prometendo nada", disse o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSBD-AM).

Prazo
Os partidos de oposição reunidos ontem marcaram para a próxima quarta-feira o prazo final para a obtenção das assinaturas necessárias para a CPI mista, formada por deputados e senadores. Caso não consigam adesões suficientes na Câmara, vão tentar instalar a CPI apenas no Senado.
A oposição já completou o número mínimo no Senado (27).
"Nós fixamos um prazo político. Se demorarmos muito, podemos esvaziar a CPI no Senado. A avaliação é que o clima está favorável à CPI mista", afirmou o líder do bloco de oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE).

Reunião
A expectativa da oposição é a adesão de congressistas do PL. O deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ) anunciou ontem no plenário da Câmara e na reunião das oposições que fará um ato na terça-feira para registrar o apoio de parte do PL. Até agora, seis deputados do bloco PL/PSL (23 deputados) assinaram a CPI.
Os demais deputados do PL resistem a apoiar o pedido. O deputado Luiz Antonio de Medeiros (SP) está negociando com o governo o alinhamento do partido com o Palácio do Planalto, tentando evitar novas adesões à CPI.
A oposição vai insistir no convencimento de deputados vinculados ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os chamados carlistas. Apenas cinco assinaram o pedido de uma bancada que pode chegar a 30 deputados em diversos Estados e partidos.


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