São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001

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Governantes pedirão verba a bancos

DO ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC

Os governantes das Américas vão passar publicamente o pires, na declaração que emitirão domingo, ao término de seu encontro de cúpula: nela, consta pedido às instituições financeiras internacionais para que abram as suas torneiras de financiamento para o caudaloso plano de ação que também será divulgado ao terminar a cúpula.
O pedido é consequência natural, quase inevitável, das 45 páginas do plano de ação, que são um listado amplo de prioridades, sem, no entanto, conter projetos concretos e fontes de financiamento para executá-las.
A rigor, nada escapa do plano de ação. Constam, por exemplo, a necessidade de fortalecer os mecanismos democráticos, a obrigatoriedade de tirar crianças e adolescentes das formas mais perigosas de trabalho e os problemas da região com desastres naturais.
Mas em nenhum momento, como de resto já era observado nos documentos das duas cúpulas anteriores, se diz o que exatamente será feito para aperfeiçoar a democracia ou como tirar as crianças do trabalho desumano.

Financiamento
É aí que entram os organismos internacionais, em especial o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Seus presidentes também estarão em Québec e há especulações de que eles anunciarão recursos para pelo menos alguns dos programas.
Mais provavelmente, aproveitarão o impacto da ocasião para dizer que estão disponíveis alguns bilhões de dólares já anteriormente destinados para financiamento a projetos como esses na América Latina.
Os diplomatas que negociaram os textos dizem que, mesmo sendo pouco específicos, eles têm a vantagem de que, depois de endossados pelos presidentes, servem como alavanca para tentar arrancar recursos dos organismos internacionais de crédito.
Além da Declaração de Québec, o documento político, e do plano de ação, os chefes de governo emitirão mais dois outros textos. Um deles trata de "conectividade", que significa facilitar o acesso à Internet nos países em desenvolvimento, sob pena de se ampliar o que o jargão internacional já chama de "digital divide", ou seja, a brecha entre os que têm e os que não têm acesso ao mundo da informática.
O segundo documento trata da Colômbia. Será o aval hemisférico ao processo de paz lançado pelo presidente colombiano Andrés Pastrana logo ao assumir, mas que se encontra virtualmente bloqueado. (CR)


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