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FHC chega sob impacto da guerra comercial
DO ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC
O presidente Fernando Henrique Cardoso mal desembarca hoje à noite em Québec e já se reúne,
no Hotel Hilton, onde se hospedará, com o primeiro-ministro do
Canadá, Jean Chrétien.
Fernando Henrique será o primeiro chefe de governo, dos 33
que o Canadá recebe, a se reunir
com o anfitrião da festa da Cúpula
das Américas, realizada na cidade
canadense.
Contrato
Seria simplesmente uma deferência, não fosse a coincidência de
que Fernando Henrique chega
apenas 72 horas depois de ter sido
fechado um contrato bilionário
em favor da Bombardier, a fabricante canadense de aviões, em detrimento da sua concorrente brasileira Embraer.
Na segunda-feira, a fabricante
canadense anunciou que concluiu de vez as negociações para
vender 75 jatos regionais à companhia norte-americana Air Wisconsin, por US$ 2,35 bilhões, um
negócio que só foi possível graças
a um financiamento a juros generosos do governo do Canadá.
Brasil e Canadá estão há anos
envolvidos em uma guerra comercial em torno dos subsídios às
suas respectivas empresas fabricantes de aviões.
É natural, portanto, que, fora as
amabilidades que são de praxe
nesse tipo de encontro, o presidente Fernando Henrique trate
do assunto Bombardier versus
Embraer. Seu colega canadense,
por outro lado, deverá tentar puxar o tema para o que os canadenses vêm chamando de "agenda
positiva".
É o eufemismo habitual da diplomacia para dizer que, quando
não há uma maneira de resolver
um dado impasse, é melhor simplesmente enfatizar os aspectos
que unem dois países, e não aqueles que os dividem.
Plano Colômbia
Outro encontro com tema complicado na agenda do presidente é
o da tarde desta sexta-feira. O presidente norte-americano George
Walker Bush convidou os governantes da Colômbia, de seus vizinhos andinos, do Panamá e Fernando Henrique para discutir o
Plano Colômbia, o programa norte-americano de financiamento
para combater o narcotráfico (e,
de quebra, a guerrilha).
O governo brasileiro tem sérias
reservas quanto ao plano, em especial pela possibilidade de que
acabe por provocar o transbordamento da crise colombiana para
os países vizinhos e pela ameaça
ambiental potencialmente representada pela destruição das plantações de coca no país.
(CR)
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