São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001

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FHC chega sob impacto da guerra comercial

DO ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC

O presidente Fernando Henrique Cardoso mal desembarca hoje à noite em Québec e já se reúne, no Hotel Hilton, onde se hospedará, com o primeiro-ministro do Canadá, Jean Chrétien.
Fernando Henrique será o primeiro chefe de governo, dos 33 que o Canadá recebe, a se reunir com o anfitrião da festa da Cúpula das Américas, realizada na cidade canadense.

Contrato
Seria simplesmente uma deferência, não fosse a coincidência de que Fernando Henrique chega apenas 72 horas depois de ter sido fechado um contrato bilionário em favor da Bombardier, a fabricante canadense de aviões, em detrimento da sua concorrente brasileira Embraer.
Na segunda-feira, a fabricante canadense anunciou que concluiu de vez as negociações para vender 75 jatos regionais à companhia norte-americana Air Wisconsin, por US$ 2,35 bilhões, um negócio que só foi possível graças a um financiamento a juros generosos do governo do Canadá.
Brasil e Canadá estão há anos envolvidos em uma guerra comercial em torno dos subsídios às suas respectivas empresas fabricantes de aviões.
É natural, portanto, que, fora as amabilidades que são de praxe nesse tipo de encontro, o presidente Fernando Henrique trate do assunto Bombardier versus Embraer. Seu colega canadense, por outro lado, deverá tentar puxar o tema para o que os canadenses vêm chamando de "agenda positiva".
É o eufemismo habitual da diplomacia para dizer que, quando não há uma maneira de resolver um dado impasse, é melhor simplesmente enfatizar os aspectos que unem dois países, e não aqueles que os dividem.

Plano Colômbia
Outro encontro com tema complicado na agenda do presidente é o da tarde desta sexta-feira. O presidente norte-americano George Walker Bush convidou os governantes da Colômbia, de seus vizinhos andinos, do Panamá e Fernando Henrique para discutir o Plano Colômbia, o programa norte-americano de financiamento para combater o narcotráfico (e, de quebra, a guerrilha).
O governo brasileiro tem sérias reservas quanto ao plano, em especial pela possibilidade de que acabe por provocar o transbordamento da crise colombiana para os países vizinhos e pela ameaça ambiental potencialmente representada pela destruição das plantações de coca no país.
(CR)


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