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CRISE NO GOVERNO/VIOLAÇÃO DE SIGILO
Objetivo do Ministério Público Federal é apurar se teve origem no órgão informação de que Francenildo Costa tinha conta na Caixa
Juíza libera acesso a computadores da Receita
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A juíza titular da 10ª Vara da
Justiça Federal, Maria de Fátima
de Paula Pessoa Costa, acatou pedido do Ministério Público Federal e expediu mandado de busca e
apreensão na Receita Federal para
averiguar se houve violação do sigilo fiscal do caseiro Francenildo
dos Santos Costa, segundo a Folha apurou.
O Ministério Público suspeita
que a operação para a violação do
sigilo bancário de Francenildo na
Caixa Econômica Federal, episódio que resultou na demissão do
ex-ministro da Fazenda Antonio
Palocci e do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso tenha começado na rede de
computadores da Receita.
Uma das hipóteses consideradas pelo Ministério Público é que,
por ordem de Palocci, um ou mais
auditores possam ter consultado
ilegalmente os dados fiscais do caseiro. Pelo sistema do fisco é possível saber, por exemplo, em que
bancos os contribuintes têm conta corrente. Assim, o primeiro
passo para descobrir que Francenildo tinha conta na Caixa pode
ter sido dado na Receita.
A linha de investigação do Ministério Público é que a quebra do
sigilo bancário de Francenildo foi
apenas uma das iniciativas de Palocci para vasculhar a vida do caseiro. O Ministério Público apurou, por exemplo, que no mesmo
dia em que o sigilo bancário de
Francenildo foi quebrado, a Caixa
teria consultado os dados do caseiro três vezes no Serasa, uma espécie de cadastro de inadimplentes do sistema bancário.
O Ministério Público não foi o
único a inquirir a Receita sobre
suposta violação do sigilo fiscal do
caseiro. O deputado Luiz Carlos
Hauly e o senador Álvaro Dias
(ambos do PSDB-PR) assinaram
requerimentos de informação ao
fisco no mesmo sentido. Na quarta-feira da semana passada, a assessoria de imprensa da Receita
confirmou que o requerimento
do deputado já havia chegado. A
assessoria informou que em breve
o requerimento seria respondido.
Até o começo da tarde ontem, no
entanto, o gabinete do deputado
não havia acusado o recebimento
da resposta da Receita.
A pesquisa pedida pelos parlamentares não é trabalhosa. Como
o levantamento é para apenas um
CPF e por um período curto de
tempo, bastaria a Receita pedir a
pesquisa ao Serpro (empresa estatal de processamento de dados)
que os dados seriam encaminhados ao fisco em questão de horas.
Na semana retrasada, no entanto, a Receita iniciou uma ofensiva
para tentar brecar as investigações envolvendo o órgão no Congresso. O próprio secretário Jorge
Rachid ligou para Hauly e outro
funcionário da Receita procurou
Álvaro Dias para tentar convencê-los a retirar os requerimentos.
A busca e apreensão concedida
pela juíza, na verdade, é uma análise nos sistemas da Receita para
averiguar se houve acesso aos dados do caseiro no período próximo à publicação da entrevista ao
jornal "O Estado de S. Paulo", na
qual Francenildo afirmou ter visto Palocci várias vezes na casa alugada por Vladimir Poleto e Rogério Buratti em Brasília.
A equipe de análise dos sistemas
da Receita deverá ser integrada
por peritos do Instituto Nacional
de Criminalística da Polícia Federal e do Ministério Público.
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