São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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Polícia aponta desvio de R$ 30 mi sob Palocci

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento concluído pela Polícia Civil de São Paulo aponta que o suposto esquema de fraudes na Prefeitura de Ribeirão Preto na administração do ex-ministro Antonio Palocci provocou um prejuízo de R$ 30,7 milhões.
Os números, atualizados pela Folha, são de 2001 a 2004 do serviço de varrição não-prestado, mas pago por meio de supostas medições fraudulentas. Os valores foram obtidos através de cruzamentos de documentos apreendidos no Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) e na Leão Leão, segundo a polícia.
Esse período incluiu o governo de Gilberto Maggioni (PT), sucessor de Palocci. O valor nominal da suposta fraude é de R$ 22,2 milhões e representa exatos 50% de tudo que foi pago à empreiteira.
Até agora, a polícia e o Ministério Público trabalhavam com um valor mensal supostamente desviado de R$ 400 mil, valor que sobe agora para R$ 639,6 mil. Palocci deve ser ouvido nesse inquérito na próxima semana. Hoje, o advogado José Roberto Batochio se reúne com o delegado Benedito Valencise para agendar a data. Ele deve ser indiciado por formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva.
Outra informação importante obtida pela polícia foi a possível confirmação do uso de notas frias pela Leão. São 174 notas das empresas Twister e Raf Bras que teriam sido utilizadas para simular a compra no valor de R$ 5 milhões em solvente. A suspeita é reforçada pelo depoimento dos donos da transportadora Euclides Renato Garbuio, de Rio Claro (SP), que negaram o transporte de solvente para a Leão.
Os documentos apreendidos trazem o nome da Garbuio e as placas de caminhões que supostamente entregaram os produtos para Twister e Raf Bras em Ribeirão. A Garbuio confirmou a versão da polícia. A Twister (São Paulo) e Raf Bras (Rio) foram apontadas pelo advogado Rogério Tadeu Buratti como empresas que vendiam notas ficais frias à Leão. A Comercial Luizinho, de dois Córregos, também foi citada.
"Está sobrando prova. Para nós, é ótimo. Para eles, a situação é gravíssima", disse Valencise.
Para ele, os documentos falsos camuflaram a lavagem de dinheiro e o pagamento de propina para agentes públicos, entre eles Palocci. Os advogados de Palocci e da ex-superintendente do Daerp Isabel Bordini, Sérgio Roxo, negam irregularidade nos pagamentos feitos à Leão e disseram não ter tido acesso ao inquérito para completar as explicações. Maggioni não foi encontrado. Para a Leão, "todas as notas fiscais foram registradas e contabilizadas".


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