São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

A vida como ela é

Menos de uma semana depois do jantar da "unidade" do PMDB, no qual o líder do partido na Câmara prometeu "cem por cento" dos votos para o governo, a bancada ameaça se rebelar caso não seja concluída hoje, na reunião do Conselho Político de Lula, a novela das nomeações de segundo escalão.
O recado foi dado a Michel Temer, anteontem, na sala da presidência da sigla. Os deputados se queixaram da demora no loteamento, chamaram Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) de "embromador" e disseram que, a continuar assim, parte da bancada vai se declarar "independente". Temer ouviu e prometeu levar o pleito adiante na reunião do conselho e em conversa com Mares Guia, também hoje.

Recado. Na reunião com Temer, deputados apresentaram a sugestão de votar qualquer coisa contra o governo, já nos próximos dias, caso as nomeações do PMDB não sejam levadas a cabo. Um dos mais exaltados era Tadeu Filipelli (DF), que chegou a ser cotado para vaga no ministério, mas ficou a ver navios.

Peças que faltam. Quem acompanha de perto a Operação Hurricane estranha o fato de terem sido presos até agora três delegados da Polícia Federal, acusados de atuar em benefício dos contraventores, mas nenhum agente que atuasse com os superiores.

Nosso herói. Davi, agente da PF que apareceu domingo no "Fantástico", da Rede Globo, derrubando a parede onde foram encontrados R$ 6 milhões, virou celebridade na corporação. Um cartaz confeccionado por colegas brinca com sua fama repentina: "Pai Davi. Recupera marido, encontra sentenças suspeitas e até paredes milionárias".

Tiro ao alvo. Sobrou até para Lula na primeira audiência pública, realizada anteontem na Câmara, do projeto de lei do PAC que estabelece para o aumento dos servidores um teto de 1,5% além da correção pela inflação. Artur Henrique, presidente da aliada CUT, disse que "assim ele não vai conseguir cumprir o que vem prometendo."

De mal a pior. A relação entre tucanos e ex-pefelistas piora a cada dia. Em jantar na terça em homenagem a Jorge Bornhausen (SC), o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) defendeu que o partido seja firme na oposição. "Nós não somos tucanos, nós temos posição", discursou, sem medo de ser feliz, diante de vários parlamentares do PSDB presentes.

Tacape na mão. Ao ver a legião de deputados da oposição, sobretudo do DEM, entrando no plenário do Senado para entregar o requerimento da CPI do Apagão Aéreo, Ideli Salvatti (PT-SC) perguntou: "Vocês decidiram antecipar o Dia do Índio, vindo em tribo e pintados para a guerra?".

Pedala, Waldir. Líder do DEM no Senado, José Agripino (RN) escalou para a CPI César Borges, adversário do ministro Waldir Pires (Defesa) na Bahia. Se ACM se recuperar logo, vai indicá-lo também. O terceiro nome da sigla é Demóstenes Torres (GO).

Excursão 1. Antonio Carlos Pannunzio (SP) e Júlio Redecker (RS) entregaram ontem memoriais em favor da CPI do Apagão Aéreo na Câmara a três ministros do Supremo Tribunal Federal: Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Carlos Brito.

Excursão 2. Por pouco os tucanos não cruzaram com o líder do governo, José Múcio (PTB-PE). O desejo do Planalto é convencer um dos ministros a pedir vistas da decisão do relator Celso de Mello, adiando o julgamento do mérito do pedido da oposição.

Visita à Folha. Vaz de Lima (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Célia Moreno e de Wilson Guilherme, assessores de imprensa.

Tiroteio

"Se vão desmilitarizar o controle aéreo, podem nomear o Beira-Mar como chefe. Ele mostrou lá em Catanduvas que sabe pôr ordem na casa". Do senador DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO) sobre o relatório da PF que aponta a influência do traficante sobre outros presos e agentes penitenciários do presídio federal de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, considerado "modelo" pelo governo.

Contraponto

Intercâmbio

Em jantar promovido anteontem pelo DEM, ex-PFL, José Carlos Aleluia conversava com o também deputado Miguel Relvas, do PSD de Portugal, sobre o fato de ambos fazerem oposição aos governos de seus respectivos países.
-Hoje só não sou oposição ao síndico do meu prédio. Saiu dali, sou oposição a todo mundo-, brincou Aleluia.
-Em Portugal, estamos às voltas com a polêmica do falso diploma do primeiro-ministro-, comentou Relvas.
-Bom, pelo menos esse escândalo nós aqui no Brasil não corremos o menor risco de ter, porque nosso presidente não tem diploma-, emendou Aleluia.


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