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Magistrado colecionava dossiês de colegas
Então vice-presidente do TRF-2, Carreira Alvim pretendia usar os papéis para fazer pressão e conseguir a presidência do tribunal
Policiais querem incluir em inquérito do caso Hurricane a investigação de sentenças
de magistrados favoráveis ao setor de combustíveis
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A análise de documentos
apreendidos pela Polícia Federal na Operação Hurricane
confirma o que o desembargador José Eduardo Carreira Alvim, preso na última sexta-feira, havia anunciado na carceragem da PF no Rio de Janeiro:
ele colecionava dossiês com dados que desabonariam pelo
menos quatro de seus colegas
no TRF-2 (Tribunal Regional
Federal da 2ª Região).
Para a Polícia Federal, Carreira Alvim, que na ocasião era
vice-presidente do TRF-2, pretendia usar a papelada para
pressionar os colegas a votarem
em seu nome para assumir a
presidência do tribunal.
Ao mesmo tempo, ainda conforme a polícia, quando soube
que estava sob investigação, Alvim teria distribuído os documentos a um grupo de jornalistas. Com isso, diz a PF, pretendia preparar uma versão em caso de ser preso.
O desembargador iria atribuir a ofensiva à sua disposição
de denunciar irregularidades
que teriam sido praticadas por
seus colegas de tribunal.
A PF analisa algumas fitas
apreendidas em endereços relacionados a Alvim. Em análise
parcial, as conversas, travadas
entre um funcionário e um desembargador do TRF-2, sugerem que o magistrado, cujo nome é mantido sob sigilo, teria
empregado o servidor com um
certo salário, cujo valor não lhe
seria pago integralmente.
A diferença seria restituída
ao dono do gabinete.
Comércio de combustíveis
A PF pretende incluir nos volumes de documentos relativos
à Operação Huricane um inquérito no qual são investigadas sentenças judiciais supostamente irregulares concedidas em favor do setor de comércio de combustíveis.
O inquérito tramita no Superior Tribunal de Justiça e também tem entre seus alvos os desembargadores Alvim e José
Ricardo Regueira, ambos presos na última sexta-feira.
No relatório de Inteligência
Policial que sustentou o pedido
de prisão dos investigados, uma
frase de Carreira Alvim, gravada em escuta ambiente no dia 7
de fevereiro deste ano, é usada
como epígrafe de capa do documento: "Me pegar por corrupção, eles não vão nunca!".
Ao relatar as práticas da organização no relatório, os investigadores afirmam que "o
desenrolar da investigação
comprovou a atuação intensa
do magistrado federal José
Eduardo Carreira Alvim".
Em sua página 30, o documento registra que, inicialmente, o desembargador mantém contatos com o grupo investigado por meio de um intermediário (Silvério Cabral
Júnior, genro do magistrado,
que também está preso).
A relação de Alvim com a organização, segundo a polícia,
evolui com o tempo. "Num segundo momento", ele passa a se
relacionar "diretamente com
os favorecidos por suas decisões".
(ANDRÉA MICHAEL)
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