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Desembargador sustava medidas contra os bingos
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O desembargador José
Eduardo Carreira Alvim,
preso pela operação Hurricane, suspeito de favorecer contraventores em decisões judiciais, usava o
cargo de vice-presidente
no Tribunal Regional Federal para suspender decisões de colegas contrárias
a casas de bingos.
Na função até a véspera
de sua prisão, Carreira Alvim tinha como atribuição
analisar se pedidos de recursos ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior
Tribunal de Justiça eram
cabíveis. Em ao menos
duas ocasiões, ele suspendeu o valor de medidas tomadas por turmas de três
desembargadores. Numa
delas, o advogado era Sérgio Luzio Marques Araújo,
também detido por supostamente integrar a organização criminosa.
As decisões eram suspensas até o tribunal superior decidir sobre o caso.
Nesse meio tempo, as casas de jogos podiam voltar
a operar ou tinham suas
máquinas de caça-níqueis
apreendidas devolvidas.
Outro modo de agir de
Carreira Alvim que causou
polêmica foi o fato de conceder liminares a recursos
que nem sequer haviam sido propostos pelos réus.
Esses procedimentos do
desembargador geraram
grande descontentamento
entre seus pares, que consideravam a atitude irregular e desrespeitosa. Em
despacho posterior, de 14
de junho de 2006, a turma
considerou que as decisões "usurparam" a competência do vice-presidência e suspendeu a liberação das máquinas de bingos e caça-níqueis.
A opinião de Carreira
Alvim divergia a da maioria dos integrantes do
TRF. Demonstração disso
é nota da assessoria do tribunal sobre decisão do
presidente do TRF, revertendo medida de Alvim,
em 2006. "Em sua maioria, os magistrados do TRF
têm mantido o entendimento de que, uma vez revogadas as leis que permitiam o jogo, este se tornou
ilegal e voltou a ser contravenção penal, prevista há
muitas décadas."
A impopularidade do
desembargador entre seus
colegas cresceu com o
tempo, e pode ter contribuído para seu fracasso na
tentativa de se eleger para
a presidência do TRF, na
semana passada. Ele contava com o critério da antigüidade para se eleger.
Em eleição conturbada,
com trocas de acusações e
discussões ríspidas com o
atual presidente do tribunal, Joaquim Antônio Castro Aguiar, Carreira Alvim
teve o nome rejeitado por
15 votos a nove.
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