Se aceitar, filósofo irá dirigir a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo

Órgão a ser criado deve abrigar o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos)

KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidará hoje Roberto Mangabeira Unger, professor titular de direito da Universidade Harvard (EUA), para comandar com status de ministro a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo. O filósofo ocuparia o 36º ministério.
Como antecipou ontem a coluna "Painel", a pasta de Mangabeira deve comandar o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos).
Lula e os principais auxiliares vêem no Ipea, órgão hoje vinculado ao Ministério do Planejamento, uma suposta predominância de "pensamento tucano" sobre economia.
Em conversas reservadas, o presidente já se queixou de pesquisas e estudos do Ipea. Por exemplo: trabalhos que privilegiaram os defensores de forte corte de gastos públicos e de ousada reforma da Previdência. Mangabeira Unger -que é colunista da Folha desde 10 de fevereiro de 1998- é um crítico desse pensamento.
Com a saída de Luiz Gushiken do NAE no ano passado, o órgão perdeu importância política. A indicação de Mangabeira é uma forma de lhe devolver parte desse prestígio. O NAE tem estudos de longo prazo sobre o país.

Campanha de 1994
Lula e Mangabeira se conheceram em 1994, quando o petista -que disputava a Presidência pela segunda vez- o visitou na Universidade Harvard, onde ele leciona direito. O filósofo apoiaria a candidatura de Leonel Brizola (PDT) na campanha presidencial daquele ano, mas havia interesse recíproco em debater pontos para um programa de governo.
Em 2002, Mangabeira coordenou o programa de governo da campanha de Ciro Gomes (então no PPS) à Presidência. Derrotado, Ciro apoiou o petista no segundo turno e em 2003 tornou-se ministro da Integração Nacional de Lula.
Ciro reaproximou Mangabeira do petista: no ano passado, o filósofo participou de encontros e conversas para preparar o programa de governo do segundo mandato de Lula.


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