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Entrevista
"Contrato tem de ser respeitado", afirma executivo
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro tem a
obrigação legal de cumprir
todos os acordos fechados
para construir Angra 3, ainda
que eles tenham sido assinados 26 anos atrás e estejam
paralisados há décadas.
"Contratos precisam sempre
ser respeitados", disse à Folha o engenheiro Othon Luiz
Pinheiro da Silva, diretor-presidente da Eletronuclear,
estatal responsável por operar e construir as usinas termonucleares no país.
(MA)
FOLHA - Por que não fazer novas
licitações para Angra 3?
OTHON LUIZ PINHEIRO DA SILVA -
Porque há contratos já assinados, e contratos precisam
ser respeitados. Se o governo
rescindisse as obras civis, por
exemplo, pagaria uma multa
de 10% do saldo do contrato.
É um custo muito alto.
FOLHA - Mas a tecnologia nuclear não avançou desde 1986?
PINHEIRO DA SILVA - As obras
civis e os equipamentos mecânicos (os reatores e as
bombas) da usina não mudaram muito. Já a parte de instrumentação e eletrônica,
sim. A sorte é que, quando a
obra foi interrompida, em
1986, essa parte não havia
ainda sido fornecida. Agora
podemos exigir os equipamentos modernos. Foi um
lance de sorte. Não faria sentido construir uma usina hoje com a eletrônica antiga.
FOLHA - Quando começa a
obra?
PINHEIRO DA SILVA - Vínhamos
fazendo apenas o trabalho de
manutenção do canteiro de
obras. Nesta semana, faremos a escavação e a preparação de edificações de apoio
aos trabalhos.
FOLHA - Quando o governo decidiu retomar contratos antigos?
PINHEIRO DA SILVA - Em janeiro de 2007, quando o Conselho Nacional de Política
Energética determinou que a
Eletrobrás e a Eletronuclear
conduzissem a retomada da
construção da Usina Angra 3.
FOLHA - Qual é o cronograma da
obra?
PINHEIRO DA SILVA - Assim que
o TCU finalizar a análise do
aditamento aos contratos
das obras civis, será colocado
o concreto de recomposição
da rocha. Depois serão feitas
impermeabilizações nos locais onde ficarão o reator e o
edifício auxiliar. Só vamos
comemorar oficialmente a
retomada em setembro, depois que forem feitas as fundações com concreto armado. A usina deve começar a
funcionar em 2014.
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