São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Ombudsman tem mandato renovado por mais um ano

Para o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, a crítica tem de ser técnica e isenta em defesa dos leitores da Folha

Na opinião do ombudsman, jornal ainda precisa de mais profundidade e de menos repetição, mas cobertura da eleição foi "apartidária"

DA REPORTAGEM LOCAL

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, 56, inicia nesta semana o segundo mandato como ombudsman da Folha. Entre suas metas está a busca de um aprimoramento "técnico e isento" da função de defender os interesses dos leitores.
Lins da Silva assumiu o posto em abril do ano passado e acaba de ter o mandato renovado por mais um ano. Ele é o nono a ocupar o cargo criado em 1989 pela Folha, em iniciativa pioneira na imprensa do Brasil.
"São os mesmos desafios de antes. A tentativa de fazer do meu trabalho uma crítica técnica do jornalismo, de tentar explicar para os leitores que a minha posição não me permite tomar partido em nenhuma polêmica. Minha opinião é absolutamente irrelevante. Eu não devo ser juiz, eu devo ser alguém que cobra tecnicamente o jornal", diz Lins da Silva.
O ombudsman nasceu em Santos (SP) e iniciou sua carreira como repórter nos jornais "Diário da Noite" e "Diário de S. Paulo". Contratado pela Folha em 1984, foi repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação e correspondente em Washington. Saiu para ajudar a fundar o jornal "Valor Econômico". É mestre em comunicação pela Michigan State University (EUA) e doutor e livre-docente em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo).

Crise e transformação
Transcorridos 12 meses de sua atuação como ombudsman, Lins da Silva diz que a Folha não conseguiu atingir o grau de aprofundamento que ele considera necessário para a sobrevivência do jornal impresso.
Mas destaca o projeto DNA Paulistano -série de cadernos vencedora do Prêmio Folha de Jornalismo de 2008 e que examinou criticamente os 96 distritos da capital paulista e traçou o perfil de seus moradores.
"Em geral, eu acho que a cobertura da Folha continua repetitiva em relação ao que já se sabia na véspera por meio dos outros veículos [internet, rádio e TV]." Sobre a atual crise financeira mundial, que ganhou mais intensidade no final do ano passado, ele avalia que ela não comprometeu os jornais brasileiros. "Eu acho que a crise ainda não chegou forte ao Brasil e, principalmente, ao que tudo indica, aos jornais."

Apartidarismo
Se foi mal no que diz respeito ao aprofundamento de suas edições, a Folha foi "relativamente apartidária" na disputa eleitoral do ano passado, conforme o ombudsman.
"O jornal foi relativamente isento e relativamente apartidário. Não vi grandes problemas na cobertura", afirma.
Na relação com os leitores, o ombudsman avalia que também sempre procurou se pautar pela isenção.
"Consegui desenvolver até uma relação de amizade virtual com alguns leitores. Por outro lado, e eu acho natural que seja assim, muitos leitores se dirigem ao ombudsman com agenda política muito clara. Esses não me parecem muito dispostos a dialogar. Querem mais marcar posição e fazer trabalho de proselitismo político", disse.
Ele também destaca a importância da crítica interna que produz diariamente, restrita à Redação do jornal.
"Meu trabalho mais importante talvez seja o da crítica diária. Eu estou tentando ajudar o jornal a melhorar. Na medida em que ele for melhor, ele estará beneficiando todos os leitores", afirma.


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