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Ombudsman tem mandato renovado por mais um ano
Para o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, a crítica tem de ser técnica e isenta em defesa dos leitores da Folha
Na opinião do ombudsman, jornal ainda precisa de mais profundidade e de menos repetição, mas cobertura
da eleição foi "apartidária"
DA REPORTAGEM LOCAL
O jornalista Carlos Eduardo
Lins da Silva, 56, inicia nesta
semana o segundo mandato como ombudsman da Folha. Entre suas metas está a busca de
um aprimoramento "técnico e
isento" da função de defender
os interesses dos leitores.
Lins da Silva assumiu o posto
em abril do ano passado e acaba de ter o mandato renovado
por mais um ano. Ele é o nono a
ocupar o cargo criado em 1989
pela Folha, em iniciativa pioneira na imprensa do Brasil.
"São os mesmos desafios de
antes. A tentativa de fazer do
meu trabalho uma crítica técnica do jornalismo, de tentar
explicar para os leitores que a
minha posição não me permite
tomar partido em nenhuma
polêmica. Minha opinião é absolutamente irrelevante. Eu
não devo ser juiz, eu devo ser
alguém que cobra tecnicamente o jornal", diz Lins da Silva.
O ombudsman nasceu em
Santos (SP) e iniciou sua carreira como repórter nos jornais
"Diário da Noite" e "Diário de
S. Paulo". Contratado pela Folha em 1984, foi repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação e correspondente em Washington. Saiu para ajudar a fundar o jornal "Valor Econômico". É mestre em comunicação
pela Michigan State University
(EUA) e doutor e livre-docente
em comunicação pela USP
(Universidade de São Paulo).
Crise e transformação
Transcorridos 12 meses de
sua atuação como ombudsman,
Lins da Silva diz que a Folha
não conseguiu atingir o grau de
aprofundamento que ele considera necessário para a sobrevivência do jornal impresso.
Mas destaca o projeto DNA
Paulistano -série de cadernos
vencedora do Prêmio Folha de
Jornalismo de 2008 e que examinou criticamente os 96 distritos da capital paulista e traçou o perfil de seus moradores.
"Em geral, eu acho que a cobertura da Folha continua repetitiva em relação ao que já se
sabia na véspera por meio dos
outros veículos [internet, rádio
e TV]." Sobre a atual crise financeira mundial, que ganhou
mais intensidade no final do
ano passado, ele avalia que ela
não comprometeu os jornais
brasileiros. "Eu acho que a crise ainda não chegou forte ao
Brasil e, principalmente, ao
que tudo indica, aos jornais."
Apartidarismo
Se foi mal no que diz respeito
ao aprofundamento de suas
edições, a Folha foi "relativamente apartidária" na disputa
eleitoral do ano passado, conforme o ombudsman.
"O jornal foi relativamente
isento e relativamente apartidário. Não vi grandes problemas na cobertura", afirma.
Na relação com os leitores, o
ombudsman avalia que também sempre procurou se pautar pela isenção.
"Consegui desenvolver até
uma relação de amizade virtual
com alguns leitores. Por outro
lado, e eu acho natural que seja
assim, muitos leitores se dirigem ao ombudsman com agenda política muito clara. Esses
não me parecem muito dispostos a dialogar. Querem mais
marcar posição e fazer trabalho
de proselitismo político", disse.
Ele também destaca a importância da crítica interna que
produz diariamente, restrita à
Redação do jornal.
"Meu trabalho mais importante talvez seja o da crítica
diária. Eu estou tentando ajudar o jornal a melhorar. Na medida em que ele for melhor, ele
estará beneficiando todos os
leitores", afirma.
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