São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Sobrinhos e descendentes celebram juntos

DO ENVIADO A NOVA TRENTO

Os parentes de madre Paulina vão comemorar a canonização juntos em uma grande instalação de madeira erguida nos últimos dias por descendentes da santa em Nova Trento (SC).
"Estou feliz da vida com minha tia santa. Naquela época, não tínhamos nada. Comíamos polenta com vinagre, mas lembro que a tia sempre me trazia broas de fubá", relata Francisco Visintainer, 87, sobrinho da santa Paulina.
Ele tem sete filhos e sete filhas. Entre os descendentes, há 38 netos e cinco bisnetos -uma com o nome de Amabile Visintainer, em homenagem à santa.
Amabile Lucia Visintainer (nome de batismo) nasceu na Itália, em 1865. Era a segunda entre 14 irmãos -nove deles brasileiros. Aos nove anos, emigrou para Santa Catarina. Morreu em 1942.
Filha de Francisco, Inês Carmelina Visintainer Wedderhoff, 46, trabalha no restaurante do santuário Madre Paulina há oito anos. "Gosto de fazer um pouquinho do que ela fez, dar amor e carinho. É incrível, não me sinto cansada", diz, enquanto prepara dezenas de quilos de galinha caipira.
O restaurante preparou 5.000 pratos (a R$ 5 cada) para hoje, e Inês preferiu não ir ao Vaticano para ajudar a preparar as celebrações em Nova Trento. Seu irmão Sidnei vai assistir à cerimônia.
"Essa bênção enorme de sermos da família dela é uma grande responsabilidade. Devemos dar o exemplo. Não posso dizer que minha família seja santa porque ela era santa, mas estamos com fé", diz Inês. Duas sobrinhas de madre Paulina moram em Brusque, a cerca de 45 minutos de Nova Trento, e têm uma lembrança gastronômica comum: almoços com polenta organizados por madre Paulina quando ela vinha de São Paulo.

Orações para a tia
"Rezo direto para ela! Peço saúde para mim e para minha família", afirma a aposentada Filomena Visintainer, 77. "Madre Paulina me pegava no colo. Meu pai [José Visintainer, irmão caçula de Paulina" contava relatos de sua bondade e dedicação aos pobres e doentes."
Na casa simples, estátuas e pôsteres mantêm viva a lembrança da tia, além de um retrato original de madre Paulina, do início do século 20. A imagem atual foi feita com base nesse retrato. "Não faço falta no santuário. Lá é como a minha casa", diz Filomena, ministra da eucaristia na igreja de Santa Terezinha, em Brusque. Ela tem sete filhos, 12 netos e quatro bisnetos. Questionada sobre a canonização, diz: "Quem não se sentiria feliz com uma tia santa?".
Irmã de Filomena, Inácia, 84, não vai ao santuário hoje por causa das dores nas pernas e porque não sabia se encontraria lugar para sentar. Ela conta que antes evitava revelar a vizinhos e amigos o parentesco. "Nossa Senhora visitou minha tia e disse para ela cuidar dos doentes e dos pobres. Não acreditavam muito nela, tinham até preconceito, porque há muito descrente neste mundo."
"Mas eu não troco minha religião por nada, apesar de a Igreja Católica ter caído um pouco por causa dessa história dos padres acusados de pedofilia", argumenta Inácia, que tem dez filhos, 24 netos e quatro bisnetos. (PDF)


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