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PT vai expor suas divisões internas
em seminário sobre Previdência
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT irá expor de forma contundente nesta semana suas divergências internas sobre a reforma da Previdência. Na sexta-feira
e no sábado o partido realizará
seu primeiro -e provavelmente
único- seminário para discutir o
tema antes que a proposta seja votada na Câmara dos Deputados.
Sem caráter deliberativo, o encontro, anunciado em abril, pode
servir apenas para agravar a crise,
que se intensificou na última semana dentro do partido, e transformar-se em uma "sessão pública de lavagem de roupa suja", na
definição de um petista.
Para a direção nacional do PT, o
evento, em São Paulo, será a última chance dos chamados radicais
se reconciliarem com o governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva antes da primeira reunião da
Comissão de Ética do partido que
discutirá o processo contra a senadora Heloísa Helena (AL) e os
deputados federais Babá (PA) e
Luciana Genro (RS).
Os três, contrários a pontos da
proposta que está na Câmara, podem ser expulsos do partido.
"Vamos gastar dinheiro com o
seminário, vamos montar mesas.
O que nós queremos com isso é
que esses companheiros [radicais] se repactuem com o partido", disse o presidente nacional
do PT, José Genoino.
Com a realização do seminário,
proposto ainda em março pelas
correntes de esquerda do PT, Genoino planeja derrubar o argumento dos radicais de que o partido está avesso ao diálogo.
"Não somos arrogantes, vamos
ganhar no debate", disse Genoino, que espera dos radicais uma
sinalização, após os seminários,
de que votarão conforme a orientação do partido. Caso contrário,
o processo contra os "rebeldes"
será levado adiante. No domingo,
a Comissão de Ética ouvirá a senadora e os dois deputados.
Mas as correntes de esquerda do
PT esperam utilizar o encontro
para explicitar as divergências e
mostrar à direção e à sociedade
que o partido está longe de um
consenso e que o governo terá de
ceder e negociar.
O evento começa às 14h, no hotel Braston. O debate inicial terá
Laura Tavares Soares, pesquisadora da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Einar Braathen, do Instituto Norueguês de
Pesquisa Urbana e Regional, e
Rosa Marques, professora da
PUC-SP. O tema será experiências internacionais.
No sábado, o seminário terá
duas mesas. A primeira delas, sob
o título A Previdência Social no
Brasil - Histórico das Polêmicas,
reunirá os deputados federais petistas Arlindo Chinaglia (SP) e José Pimentel (CE) e a professora da
Universidade Federal de Minas
Gerais Eli Iôla Gurgel Andrade.
A segunda parte promete ser a
mais importante, pois o ministro
da Previdência, Ricardo Berzoini,
debaterá com o presidente da
CUT, João Felício, e com a professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Rio de Janeiro Sulamis Dain.
"Vamos expor nosso ponto de
vista contrário à taxação dos inativos, à elevação da idade e ao teto
estabelecido", disse Felício.
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