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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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PT vai expor suas divisões internas em seminário sobre Previdência

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT irá expor de forma contundente nesta semana suas divergências internas sobre a reforma da Previdência. Na sexta-feira e no sábado o partido realizará seu primeiro -e provavelmente único- seminário para discutir o tema antes que a proposta seja votada na Câmara dos Deputados.
Sem caráter deliberativo, o encontro, anunciado em abril, pode servir apenas para agravar a crise, que se intensificou na última semana dentro do partido, e transformar-se em uma "sessão pública de lavagem de roupa suja", na definição de um petista.
Para a direção nacional do PT, o evento, em São Paulo, será a última chance dos chamados radicais se reconciliarem com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da primeira reunião da Comissão de Ética do partido que discutirá o processo contra a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados federais Babá (PA) e Luciana Genro (RS).
Os três, contrários a pontos da proposta que está na Câmara, podem ser expulsos do partido.
"Vamos gastar dinheiro com o seminário, vamos montar mesas. O que nós queremos com isso é que esses companheiros [radicais] se repactuem com o partido", disse o presidente nacional do PT, José Genoino.
Com a realização do seminário, proposto ainda em março pelas correntes de esquerda do PT, Genoino planeja derrubar o argumento dos radicais de que o partido está avesso ao diálogo.
"Não somos arrogantes, vamos ganhar no debate", disse Genoino, que espera dos radicais uma sinalização, após os seminários, de que votarão conforme a orientação do partido. Caso contrário, o processo contra os "rebeldes" será levado adiante. No domingo, a Comissão de Ética ouvirá a senadora e os dois deputados.
Mas as correntes de esquerda do PT esperam utilizar o encontro para explicitar as divergências e mostrar à direção e à sociedade que o partido está longe de um consenso e que o governo terá de ceder e negociar.
O evento começa às 14h, no hotel Braston. O debate inicial terá Laura Tavares Soares, pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Einar Braathen, do Instituto Norueguês de Pesquisa Urbana e Regional, e Rosa Marques, professora da PUC-SP. O tema será experiências internacionais.
No sábado, o seminário terá duas mesas. A primeira delas, sob o título A Previdência Social no Brasil - Histórico das Polêmicas, reunirá os deputados federais petistas Arlindo Chinaglia (SP) e José Pimentel (CE) e a professora da Universidade Federal de Minas Gerais Eli Iôla Gurgel Andrade.
A segunda parte promete ser a mais importante, pois o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, debaterá com o presidente da CUT, João Felício, e com a professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Rio de Janeiro Sulamis Dain.
"Vamos expor nosso ponto de vista contrário à taxação dos inativos, à elevação da idade e ao teto estabelecido", disse Felício.


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