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REFORMA
Aposentadoria média é três vezes maior que no Executivo; há remunerações superiores ao teto proposto, de R$ 17.170
Salários no Congresso chegam a R$ 20 mil
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsáveis pela aprovação da
reforma da Previdência, a Câmara e o Senado mantêm servidores
com supersalários e médias de
aposentadoria bem superiores
aos do Executivo e da iniciativa
privada. Um total de 1.039 servidores ganha mais do que os R$
8.883 pagos ao presidente da República e outros 371 recebem
mais do que deputados e senadores -salários acima de R$ 12.710.
O maior vencimento, de um
servidor aposentado da Câmara, é
de R$ 19.249,92. Outro funcionário, este da ativa, tem salário de R$
18.163,89. Se fizer o máximo de
horas extras possíveis no mês, terá ainda um acréscimo de R$
1.980, totalizando R$ 20.143,89.
Pela primeira vez, a Câmara e o
Senado divulgaram os valores dos
supersalários que superam os
vencimentos dos parlamentares.
Foram mantidos em sigilo, porém, em respeito à legislação, nomes dos servidores beneficiados.
No Senado, que emprega 5.846
servidores ativos, a folha de pagamento consome R$ 24 milhões
mensalmente. Aposentados e
pensionistas, embora em menor
número (4.389 pessoas), custam
mais: R$ 28,3 milhões.
A Câmara possui 14.474 funcionários ativos. Custam ao erário
R$ 54,9 milhões (inclui servidores
estáveis e temporários). Os aposentados e pensionistas, 4.128,
custam R$ 33 milhões.
O valor médio das aposentadorias e pensões pagas pelo Legislativo fica em R$ 6.452 mil no Senado e em R$ 8.002 na Câmara.
Considerando-se as duas Casas,
chega-se a uma aposentadoria
média de R$ 7.203 -três vezes a
média dos benefícios pagos pelo
Executivo (R$ 2.272) e quase 20
vezes a média das aposentadorias
dos trabalhadores da iniciativa
privada (R$ 374,89).
As aposentadorias dos servidores do Legislativo também são em
média maiores do que as aposentadorias dos militares (R$ 4.265) e
dos funcionários do Banco Central (R$ 7.001), ficando abaixo
apenas dos benefícios pagos pelo
Judiciário (R$ 8.027) e pelo Ministério Público Federal (R$ 12.571).
Teto
A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo Executivo prevê um teto de R$ 17.170 para as aposentadorias. A intenção é
cortar o que ficar acima desse valor. O maior benefício pago hoje
pelo INSS, por determinação judicial, é de R$ 53.912.
Na Câmara, pelo menos nove
servidores estão acima do teto
proposto na reforma. Recebem
salários a partir de R$ 17.257. Se
forem computadas as horas extras, pagas quando há sessões noturnas, a cifra é bem maior.
Os supersalários do Congresso
são consequência de uma legislação que permitia a incorporação
de vantagens como gratificação
por exercício de cargo de chefia.
Essa incorporação foi proibida a
partir de 1997. O maior salário
possível foi fixado em R$
12.124,44, fora as horas extras,
mas quem já tinha incorporações
-o chamado direito adquirido- manteve o supersalário.
Dados oficiais do Ministério do
Planejamento apontam médias
salariais aproximadas entre Legislativo (R$ 6.810) e Judiciário (R$
6.550) no caso dos servidores ativos. A média salarial dos servidores do Executivo é de R$ 3.700. No
Congresso, a média dos salários
dos servidores ativos é de R$
3.944. As contas do congresso
chegam a uma média mais baixa
porque incluem os vencimentos
de funcionários não-estáveis, de
livre nomeação dos parlamentares. Recebem salários menores, o
que puxa a média para baixo.
Considerando-se apenas os
3.473 servidores de carreira da
Câmara a folha salarial soma R$
32,9 milhões por mês -uma média de R$ 9.495 por servidor. O piso salarial entre esses funcionários é de R$ 3.017. O Senado divulgou o número total de servidores
ativos - 5.846-, mas não informou quantos são efetivos e quantos são de livre nomeação.
Colaborou ANDREA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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