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ELEIÇÕES 2004
Presidente segue exemplo de FHC para não melindrar partidos aliados
Lula opta por palanque duplo e irá a programa de rivais do PT
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu que vai gravar mensagens para todos os candidatos a
prefeito do PT e de partidos aliados que pedirem o seu apoio nas
eleições municipais de outubro.
Em 98, o então presidente Fernando Henrique Cardoso adotou
atitude semelhante para não melindrar seus aliados. Acabou, por
exemplo, aparecendo em outdoors tanto de Mário Covas
(PSDB) como de Paulo Maluf (então no PPB), que disputavam o
governo paulista. Lula, no entanto, pretende ser mais comedido
no tom de suas aparições nas
campanhas dos partidos aliados.
O presidente do PT, José Genoino, diz que o partido não imporá
"vetos" à participação de Lula na
campanha de aliados do governo
federal, ainda que sejam adversários do PT nas eleições. "Não poderemos vetar pedido de nenhum
aliado. O presidente é mais amplo
que o PT e vai decidir com o equilíbrio que sempre teve", diz.
Com gravações para programas
de rádio e TV no horário eleitoral,
Lula pretende evitar participar de
comícios e atos de campanha, até
mesmo nos de Marta Suplicy,
prefeita de São Paulo candidata à
reeleição. Já os ministros estarão
liberados, avisou o presidente.
Optando pelo "palanque eletrônico", cujas mensagens serão gravadas pelo marqueteiro Duda
Mendonça, Lula quer evitar acusações de interferência direta em
campanhas, uso da máquina e até
eventuais protestos. Segundo auxiliares, sua imagem fica mais
preservada, e o efeito político via
TV é até mais eficaz.
A Folha apurou que o próprio
Lula avalia que é desnecessária a
sua presença num comício para
marcar o seu apoio a um petista.
"As imagens do Lula e do PT estão umbilicalmente ligadas. Um
candidato do PT é relacionado na
hora ao governo do presidente
Lula", afirma Genoino. Segundo
ele, todos os candidatos do PT vão
defender o governo "com muita
garra", por uma razão. "Se não fizerem [isso], vão perder."
Ministros no palanque
Os ministros, do PT e de outros
partidos, estarão liberados para
fazer campanha para seus candidatos, segundo determinação do
presidente. Genoino diz que firmará "um acordo de cavalheiros"
entre ministros para evitar que
rusgas municipais atrapalhem as
relações federais.
Exemplo: em Recife (PE), o ministro petista Humberto Costa
(Saúde) apóia o atual prefeito e
candidato à reeleição, o correligionário João Paulo. Já o ministro
Walfrido Mares Guia (Turismo,
do PTB) dá suporte ao seu colega
de partido, o deputado federal
Joaquim Francisco.
Genoino lembra que há outros
casos assim. O Rio Grande do Sul,
que tem quatro ministros petistas
e dois peemedebistas na gestão
Lula, é um exemplo típico. O PT e
o PMDB de lá são adversários
mortais. Daí Genoino costurar
um acordo de convivência.
Cartilha
O governo federal está reunindo
números que considera positivos
sobre a economia para confeccionar uma cartilha para todos os
candidatos a prefeito e a vereador
do PT em todo o país. A idéia é
reunir dados sobre a administração Lula que poderão ser usados
pelos candidatos nos debates com
a oposição. O PT avalia que enfrentará uma forte oposição, especialmente do PSDB e PFL.
"O PT vai para a ofensiva no debate nacional", diz Genoino. O
presidente do PT afirma, porém,
que será preciso que o partido faça a "dosagem" dos temas nacionais e municipais. Para ele, os temas decisivos para eleger candidatos serão os municipais.
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