São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ LAVADUTO

Polícia apreende documentos e computadores de parentes, assessores e empresas ligadas ao deputado no Paraná e em São Paulo

PF faz devassa em pessoas ligadas a Janene

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Por determinação da Justiça Federal, a Polícia Federal deflagrou ontem em Londrina (PR), Barueri (região metropolitana de SP) e São Paulo a operação Lavaduto. Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, com a apreensão de computadores e documentos no escritório político de José Mohamed Janene (PP-PR), na cidade de Londrina.
Janene, ex- líder do PP na Câmara dos Deputados e acusado de ser operador do mensalão na sigla, está de licença médica desde o final de 2005, o que vem retardando seu processo de cassação.
Os mandados foram cumpridos contra a mulher de Janene, Stael Fernanda Rodrigues de Lima Janene, e o casal Meheidin Hussein Jenani e Rosa Alice Valente, assessores parlamentares do deputado.
As investigações da Polícia Federal utilizaram relatório da CPI dos Correios, que aponta que pessoas ligadas a Janene sacaram R$ 5,325 milhões do esquema conhecido como valerioduto.
A base para as investigações sobre as pessoas ligadas a Janene foi um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do qual a Folha obteve cópia, sobre movimentações financeiras de Meheidin Hussein Jenani, no mês de março de 2004.
Jenani, então com um salário declarado de R$ 1.834, movimentou na agência Ouro Verde, da CEF em Londrina (norte do Paraná), o montante de R$ 295,7 mil. Ontem, Jenani chegou a ser detido, mas foi liberado sob fiança.
A partir das investigações, determinada pela 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), a Polícia Federal chegou a empresas (com sede em São Paulo e Barueri) que abasteciam contas relacionadas a Jenani, Rosa Alice Valente e Stael Janene.

Bônus-Banval
Os principais depósitos foram feitos através da corretora Bônus-Banval e pela empresa Taha, controlada pela offshore do Panamá (América Central) Quirkline, que detém 99% das ações de Taha Administração e Construção, a empresa-mãe de várias outras que abasteceram as movimentações das pessoas ligadas a Janene.
De acordo com as investigações da PF, antes de ter 99% das ações controladas pela offshore Quirkline, a Taha teve em sua composição acionária o ex-investidor do mercado financeiro Naji Nahas. Segundo a PF, Nahas hoje opera na clandestinidade.
Em relatório apresentado à imprensa, a PF aponta que existe "indício de que a conta da empresa Taha seja, na verdade, de propriedade de Naji Nahas".
A prova, segundo a PF, seria um pagamento de uma fatura nominal a Nahas, de 22 de março do ano passado, localizado nos documentos da conta. A PF não informou o valor da fatura.
Nas investigações, a maioria dos depósitos nas contas dos assessores de Janene foi feita no auge do esquema do mensalão, entre 2003 e 2005.
No mesmo período houve, de acordo com as investigações da PF, um incremento no capital da mulher de Janene, com aquisições de duas fazendas em Lerroville (distrito de Londrina) e Faxinal (centro do PR), além de dois terrenos em um condomínio da classe alta em Londrina, onde uma casa - avaliada pela PF em cerca de R$ 2 milhões- está em construção. A casa foi um dos locais em que a Polícia Federal realizou busca e apreensão.
Em toda a operação, os delegados da PF envolvidos fizeram questão de frisar que as investigações e os mandados de busca e apreensão estavam centrados nos assessores e na mulher de Janene, Stael Fernanda, e não no deputado, que possui foro privilegiado.


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