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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ LAVADUTO
Polícia apreende documentos e computadores de parentes, assessores e empresas ligadas ao deputado no Paraná e em São Paulo
PF faz devassa em pessoas ligadas a Janene
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Por determinação da Justiça Federal, a Polícia Federal deflagrou
ontem em Londrina (PR), Barueri
(região metropolitana de SP) e
São Paulo a operação Lavaduto.
Nove mandados de busca e
apreensão foram cumpridos, com
a apreensão de computadores e
documentos no escritório político
de José Mohamed Janene (PP-PR), na cidade de Londrina.
Janene, ex- líder do PP na Câmara dos Deputados e acusado de
ser operador do mensalão na sigla, está de licença médica desde o
final de 2005, o que vem retardando seu processo de cassação.
Os mandados foram cumpridos
contra a mulher de Janene, Stael
Fernanda Rodrigues de Lima Janene, e o casal Meheidin Hussein
Jenani e Rosa Alice Valente, assessores parlamentares do deputado.
As investigações da Polícia Federal utilizaram relatório da CPI
dos Correios, que aponta que pessoas ligadas a Janene sacaram R$
5,325 milhões do esquema conhecido como valerioduto.
A base para as investigações sobre as pessoas ligadas a Janene foi
um relatório do Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras), do qual a Folha obteve cópia, sobre movimentações financeiras de Meheidin Hussein Jenani, no mês de março de 2004.
Jenani, então com um salário
declarado de R$ 1.834, movimentou na agência Ouro Verde, da
CEF em Londrina (norte do Paraná), o montante de R$ 295,7 mil.
Ontem, Jenani chegou a ser detido, mas foi liberado sob fiança.
A partir das investigações, determinada pela 2ª Vara Criminal
Federal de Curitiba (PR), a Polícia
Federal chegou a empresas (com
sede em São Paulo e Barueri) que
abasteciam contas relacionadas a
Jenani, Rosa Alice Valente e Stael
Janene.
Bônus-Banval
Os principais depósitos foram
feitos através da corretora Bônus-Banval e pela empresa Taha, controlada pela offshore do Panamá
(América Central) Quirkline, que
detém 99% das ações de Taha Administração e Construção, a empresa-mãe de várias outras que
abasteceram as movimentações
das pessoas ligadas a Janene.
De acordo com as investigações
da PF, antes de ter 99% das ações
controladas pela offshore Quirkline, a Taha teve em sua composição acionária o ex-investidor do
mercado financeiro Naji Nahas.
Segundo a PF, Nahas hoje opera
na clandestinidade.
Em relatório apresentado à imprensa, a PF aponta que existe
"indício de que a conta da empresa Taha seja, na verdade, de propriedade de Naji Nahas".
A prova, segundo a PF, seria um
pagamento de uma fatura nominal a Nahas, de 22 de março do
ano passado, localizado nos documentos da conta. A PF não informou o valor da fatura.
Nas investigações, a maioria dos
depósitos nas contas dos assessores de Janene foi feita no auge do
esquema do mensalão, entre 2003
e 2005.
No mesmo período houve, de
acordo com as investigações da
PF, um incremento no capital da
mulher de Janene, com aquisições
de duas fazendas em Lerroville
(distrito de Londrina) e Faxinal
(centro do PR), além de dois terrenos em um condomínio da classe alta em Londrina, onde uma
casa - avaliada pela PF em cerca
de R$ 2 milhões- está em construção. A casa foi um dos locais
em que a Polícia Federal realizou
busca e apreensão.
Em toda a operação, os delegados da PF envolvidos fizeram
questão de frisar que as investigações e os mandados de busca e
apreensão estavam centrados nos
assessores e na mulher de Janene,
Stael Fernanda, e não no deputado, que possui foro privilegiado.
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