São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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Empresário preso confirma que assediava parlamentares todo mês

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

Preso na Operação Sanguessuga, o empresário Ronildo Pereira Medeiros, 37, afirmou à Corregedoria da Câmara que ia ao menos uma vez por mês, desde 2004, a gabinetes de deputados "fazer marketing para que elaborassem emendas na área de ambulâncias e equipamentos hospitalares", informou o advogado Otto Medeiros de Azevedo Júnior, sem citar os nomes de parlamentares assediados pelo lobby.
Defensor de Medeiros, o advogado disse que o empresário Darci José Vedoin, 60, acusado de liderar a quadrilha da venda de ambulâncias superfaturadas, também admitiu visitas a deputados.
O advogado assistiu anteontem aos depoimentos prestados à Corregedoria, a portas fechadas, por Ronildo Medeiros, Vedoin e família (filho, filha, sobrinho e mulher), além de Maria da Penha Lino, ex-assessora do Ministério da Saúde. O grupo foi preso na Operação Sanguessuga.
Dono de quatro empresas que forneciam equipamentos hospitalares, usados em ambulâncias, Medeiros foi acusado pela PF de superfaturar preços e manipular licitações nas prefeituras.
O empresário nega. "Ele vendia tudo com transparência e legalmente", afirmou o advogado, que vai entrar com pedido de habeas corpus para seu cliente.

Gravação
No relatório em que pediu a prisão de Medeiros, a PF cita transcrição de uma conversa, de 16 de janeiro passado, entre ele e Pedro Braga de Souza Júnior, 46, também preso e, na época, assessor do deputado Eduardo Seabra (PTB-AP). Souza ligou do gabinete do deputado e soube pelo empresário que receberia R$ 5.000.
O dinheiro, segundo a PF, foi depositado um dia depois na conta do então assessor e seria um pagamento por ele negociar uma licitação na Prefeitura de Itaubal (AP) em favor da empresa de Medeiros. Ontem, Seabra não foi encontrado.
Segundo Azevedo Júnior, o empresário não pagava propina para assessores ou deputados.
"Ele conhecia quase todos os deputados e fazia marketing", afirmou.
Ele também disse que o empresário informava ter empresas de equipamentos hospitalares em Mato Grosso e dizia aos deputados: "O senhor manda uma emenda para lá que a gente atende as prefeituras". O advogado negou que a estratégia fosse lobby. "Isso é marketing, propaganda", disse.


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