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"Veteranos" divergem sobre permanência
DA REPORTAGEM LOCAL
A permanência das tropas
brasileiras no Haiti não é tema de consenso entre os militares. "É preciso um cronograma de saída", disse à Folha Cleverton Vianna, 36, integrante do primeiro contingente a desembarcar naquele
país, em 1º de junho de 2004.
A experiência do combate
levou o segundo-sargento a
consolidar uma opinião sobre o papel dos capacetes
azuis no Haiti. "Não adianta
a ONU investir bilhões sem
construir uma estrutura política, militar e social. Não vai
adiantar ficar lá, nem por 20
anos", afirmou.
Membro do contingente
que chegou a Porto Príncipe
em 2005, o sargento Ivano
José Hoegen concorda.
"Tem que ter um cronograma para sairmos de lá." Hoegen se surpreendeu ao pisar
em território haitiano.
"Achamos que ia ser uma
missão de paz, mas vivemos
combates reais", ressaltou.
Embora concorde com a
"situação de guerra" enfrentada no Haiti, Ricardo Palmares Calixto, 36, que integrou o Batalhão 26, defende
a manutenção das tropas no
país. "É importante para os
haitianos e para o Brasil. Você aprende a ter autocontrole e iniciativa", diz.
O segundo-sargento Romulo Clebton Bandeira, 33,
também rejeita um cronograma. "Depende de como o
governo se comporta e do
acompanhamento da ONU.
É como ensinar a andar", diz.
A opinião de Vianna e
Hoegen é apoiada não-oficialmente por generais e coronéis do alto comando. Para
eles, a estabilização e a mudança de perfil da missão fazem com que o Haiti perca o
caráter de "laboratório para
táticas de combate".
Vianna acredita que os haitianos têm simpatia pelos
brasileiros, mas isso não garante a boa convivência.
Para Hoegen, um dos principais problemas da missão
foi a relação com a Polícia
Nacional Haitiana. "Eles atiravam em qualquer um e
muitos haitianos achavam
que estávamos dando cobertura. Mas eles se infiltravam
em nossas ações de patrulhamento", disse.
(CDS)
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